A taxa de letalidade da Covid-19 do Rio de Janeiro é a maior do País, segundo um estudo feito pelo Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde (Nois).
O grupo de especialistas do Rio, de São Paulo e da Europa mediu a evolução da Covid-19 no Brasil durante três semanas, de 14 de abril a última segunda-feira (4).
O estudo avaliou o crescimento das mortes no Brasil, comparando os índices nas cinco regiões do país e destacando os Estados do Rio e São paulo, que têm mais casos.
A taxa de letalidade reflete a quantidade de mortes entre os casos confirmados de coronavírus. Em 19 dos 21 dias da pesquisa, o Rio ficou à frente de São Paulo, e sempre à frente da média nacional.
“O tamanho desse colapso seria nós termos uma escalada de mortes muito acentuada, chegando ao número de casos considerados catástrofe social.” Nísia Trindade Lima, presidente da Fiocruz.
Nessa quinta-feira (7), o Rio bateu, pelo segundo dia consecutivo, o recorde no número de mortes em 24 horas. Foram 189, mais que o dobro da segunda marca mais alta, a de quarta (6), quando foram confirmados 82 óbitos.
O estudo do Nois diz ainda que o Rio de Janeiro é um dos Estados responsáveis por puxar o número de mortes no País. Os especialistas demonstram ainda que a taxa de letalidade do Brasil foi a maior nos países da América do Sul e que não há tendência de queda por enquanto.
“O Rio de Janeiro apresentou a maior taxa nos últimos dias dentre as localidades analisadas, seguida de São Paulo e do Sudeste em geral, sendo essa região a principal contribuinte para um aumento da taxa de letalidade geral do Brasil. Entretanto, destaca-se que esta foi a localidade onde foram registrados os primeiros casos da doença no País”, diz o texto.
Na conclusão, o estudo revela que o Brasil tem taxa de crescimento de casos confirmados e de letalidade superiores à 75% de outros países.
A própria Fiocruz recomendou o lockdown no Estado, ou seja, o confinamento total. Isso significaria bloqueios nas ruas para impedir a circulação de carros e pessoas.
“É uma medida dura, porém necessária. Fizemos essa afirmação baseados em evidências científicas, nos dados, na perspectiva de aumento na procura de leitos”, diz a presidente da Fundação.
O prefeito Marcelo Crivella prometeu que, até esta sexta-feira (8), iria decidir se adota ou não a medida.
“Vou levar essa avaliação da Fiocruz sobre o lockdown para o nosso conselho científico. Até o momento, em todas as reuniões que tivemos, e foram longas, essa hipótese não foi sugerida. Mas, com essa recomendação, vamos reavaliá-la”.