Bolsonaristas e ministros do Palácio do Planalto têm uma visão em comum sobre um aspecto do atentado cometido por Francisco Wanderley Luiz, o homem-bomba que morreu na frente do Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 13 de novembro. As informações são da coluna de Igor Gadelha no portal Metrópoles.
Tanto aliados de Jair Bolsonaro quanto ministros palacianos avaliam que o homem-bomba não teria se matado de propósito, explodindo uma bomba sobre a própria cabeça, como sustenta a polícia.
Nos últimos dias, bolsonaristas passaram a propagar a tese de que Francisco teria sido assassinado por seguranças do Supremo que o abordaram quando ele se aproximou da sede da Corte, na Praça dos Três Poderes.
“Afinal, o ‘homem-bomba’ se autoexplodiu (com os fogos de artifício que carregava) ou foi morto pelos seguranças do STF?”, escreveu o parlamentar no X (ex-Twitter) em 16 de novembro.
Integrantes do Planalto, por sua vez, avaliam que o homem-bomba se auto explodiu acidentalmente. A tese é defendida por ministros como Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Paulo Pimenta (Secom).
Na avaliação de Pimenta, Francisco teria caído no chão após a segunda bomba explodir em sua mão. Antes disso, o homem havia arremessado uma primeira bomba em direção a estátua da Justiça, na frente do Supremo.
Sem anistia
O senador Humberto Costa (PT-PE), em pronunciamento no Plenário, lamentou o atentado contra o Supremo ocorrido na última quarta-feira (13), na Praça dos Três Poderes. O senador destacou que “o ato terrorista não foi isolado”, mas consequência dos discursos de ódio e violência alimentados nos últimos anos no Brasil.
Para o senador “os ataques contra a democracia e as instituições têm raízes em discursos de lideranças da extrema-direita, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro”. Ele mencionou eventos como a tentativa de invasão à sede da Polícia Federal durante a diplomação do presidente Lula, o plano de ataque com bomba ao Aeroporto de Brasília e os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.
“A seriedade dos ataques evidencia que a tentativa de deslegitimar a democracia e suas instituições persiste, e que é preciso dar um basta nessa onda de intolerância gerada pela violência política e pela desinformação”, disse.
O senador destacou que a Polícia Federal investiga se Francisco Wanderley Luiz recebeu apoio financeiro e logístico para a ação. O parlamentar defendeu a responsabilização dos envolvidos. Costa também rejeitou a possibilidade de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. Ele argumentou que “o perdão estimula a impunidade e abre caminho para novas ações”.
“Debater anistia é dar uma mensagem direta aos criminosos, uma vez que a impunidade funciona como principal catalisadora da violência, do ódio e da intolerância. Quando se concede uma anistia se supõe que quem foi anistiado primeiro foi condenado e, segundo, com a anistia, passa a aceitar as regras do jogo e a organização do sistema que ora existe. Qual a garantia de que aqueles que têm atacado a democracia vão passar a reconhecê-la, a reconhecer as leis, a autonomia entre os Poderes e a democracia no nosso país?”, questionou.
Humberto defendeu o debate sobre a regulamentação das redes sociais e a responsabilização de empresas de tecnologia pela disseminação de desinformação e discursos violentos.