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A tragédia das enchentes no RS renovou a relevância da transição energética e a adaptação para as mudanças climáticas

É preciso cada vez mais construir regulações, políticas públicas e protocolos para evitar a exposição aos efeitos dessas mudanças. (Foto: Reprodução)

Se a transição energética e a adaptação para as mudanças climáticas já eram parte das prioridades propostas pelo Brasil para as discussões do Grupo de Trabalho de Emprego do G20, a tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul renovou a importância da pauta, dizem integrantes do grupo e pesquisadores.

A coordenadora do GT, Maíra Lacerda, conta que tem recebido mensagens de solidariedade de outros membros do grupo e a sinalização sobre a importância do tema, que é incluído dentro do conceito mais amplo de transição justa, usado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).

“Tenho recebido condolências desse grupo, perguntando como ajudar… É uma tragédia do ponto de vista nacional, mas que ganhou o mundo, porque pode se repetir em outros lugares. Acredito que dê mais força para essa negociação”, afirma.

A avaliação é compartilhada pelo pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo e do grupo transformação digital e sociedade da PUC-SP, Atahualpa Blanchet. “Esse ponto da transição justa tinha sido levantado pela coordenação brasileira antes da catástrofe, mas naturalmente que essa situação, em que o mundo todo está com os olhos no Rio Grande do Sul, intensifica a centralidade dessa pauta”, diz.

Mais do que o debate sobre as causas das mudanças climáticas, defende Blanchet, é preciso cada vez mais trabalhar para construir regulações, políticas públicas e protocolos para evitar a exposição dos trabalhadores aos efeitos dessas mudanças.

“É preciso estratégia de atuação para lidar com a ligação das mudanças climáticas com o mundo do trabalho nas causas e nos efeitos, definir caminhos para minimizar ou mitigar impacto para trabalhadores, como protocolos em situações de calor ou tempestades excessivas”, diz ele, que ressalta a importância de “uma concertação que transcenda as fronteiras nacionais para enfrentar o tema” e chama atenção para estudos da OIT que abordam a questão.

Riscos para a saúde

Relatório recente da organização alerta para os riscos para a saúde relacionados com as mudanças climáticas e as medidas de segurança e saúde no trabalho. No estudo “Garantir a segurança e a saúde no trabalho em um clima em mudança”, a OIT estima que 70,9% da força de trabalho mundial (mais de 2,4 bilhões de pessoas) está provavelmente exposta ao calor excessivo em algum momento do seu trabalho, ante parcela de 65,5% em 2000.

O trabalho traz outras estimativas desse impacto: 1,6 bilhão de pessoas provavelmente expostas à poluição atmosférica no local de trabalho, mais de 870 milhões de trabalhadores na agricultura, provavelmente expostos a pesticidas e 15 mil mortes relacionadas ao trabalho por ano devido à exposição a doenças parasitárias e transmitidas por vetores.

“É evidente que as mudanças climáticas já estão criando riscos adicionais significativos para a saúde dos trabalhadores. As considerações sobre saúde e segurança no trabalho devem fazer parte das nossas respostas às mudanças climáticas, tanto nas políticas como nas ações”, afirmou a chefe da equipe de segurança e saúde no trabalho (SST) da OIT, Manal Azzi, no lançamento do trabalho. As informações são do Valor.

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