As buscas pelas vítimas levadas pelo “mar de lama” provocado pelo rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho (MG), completaram um mês nesta segunda-feira (25). Ao longo destas quatro semanas, a megaoperação passou por diferentes fases e empregou técnicas variadas.
“Agora é um momento de paciência. São escavações, que têm que ter método, ter tecnologia e ter organização”, afirmou o tenente-coronel Anderson Passos. Entre 25 de janeiro e este 25 de fevereiro, a procura por sobreviventes e por corpos foi rotina para centenas de militares e voluntários.
“O trabalho começa às 5h, quando as equipes se levantam. Às 6h30min, nós nos reunimos para uma orientação, um briefing de segurança e de diretrizes do que vai ser feito ao longo do dia. As equipes são lançadas a campo. Ao final do dia, quando as equipes retornam, elas nos dão um feedback de como foi o rendimento do planejamento. Fazemos então, a seguir, uma reunião para planejarmos o dia seguinte e tudo se repete”, disse o oficial.
Segundo ele, ainda não é possível estimar por quanto tempo este esquema de trabalho vai perdurar. De acordo com o último balanço, 177 mortes foram confirmadas. Outras 133 pessoas continuam desaparecidas.
Fases da operação
Se inicialmente quase 500 homens e mulheres de diversos estados e corporações – e até de fora do país – atuaram nas buscas, com auxílio de cerca de 15 helicópteros e quase 20 cães farejadores, atualmente, a incansável procura por corpos tem outras características.
“Em um primeiro momento, os resgates eram feitos manualmente. Em outro momento, com a ajuda dos cães mais expressiva. Neste terceiro momento, os cães continuam e, a esse esforço dos cães, foi agregado, o maquinário pesado, em que o solo é revolvido, o cão faz uma busca pelo faro e àquele rejeito é dada uma destinação uma vez que não há ali nenhum indício. Então, são técnicas diferentes, que é natural, nesse cenário tão grande, que ela precisa ser modificada”, explicou o tenente-coronel Passos.
No quinto dia de buscas, segundo dados do Corpo de Bombeiros, o efetivo chegou a 486 pessoas, entre militares dos estados de Minas Gerais, Alagoas, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Paraná e Rio de Janeiro, além da Força Aérea e de Israel. Também havia apoio de 14 aeronaves e de 17 cães farejadores.
Três semanas depois, o cenário era outro. No 26º dia de buscas, por exemplo, 181 militares – 115 mineiros e 66 de outros estados – e quatro cães estavam mobilizados. Já o número de máquinas pesadas, que não podiam ser usadas no início dos trabalhos por causa das características da lama, chegava a 42.
Escavações
Segundo o tenente-coronel, o efetivo menor não significa redução nas buscas. Ele ressalta que a variação no quantitativo de pessoal é reflexo da característica atual do trabalho, focado em escavações.
“Nós chegamos a ter mais de 470 pessoas em campo no primeiro momento da ocorrência, na primeira semana, em que a demanda de resgates era muito intensa. Muitos resgates feitos porque as localizações estavam sendo feitas à superfície, a olho nu. Então, a demanda era muito grande, muito intensa. Isso já não acontece mais. É um outro momento operacional. Não precisamos mais de tantos homens. Então, hoje, a quantidade de homens diminuiu, mas a quantidade de máquinas aumentou porque a efetividade do maquinário para as escavações é, obviamente, muito mais produtiva”, afirmou.