Sábado, 23 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 7 de março de 2019
A UE (União Europeia) lamentou nesta quinta-feira (7) a decisão do governo venezuelano de Nicolás Maduro de expulsar o embaixador alemão do país e disse esperar que Caracas “reconsidere” essa atitude.
“Lamentamos que o embaixador alemão na Venezuela tenha sido forçado a deixar o país em um contexto político tenso e complexo”, disse Maja Kocijancic, porta-voz da diplomacia europeia, em entrevista coletiva.
O governo venezuelano declarou o embaixador alemão, Martin Kriener, “persona non grata” e deu 48 horas para que deixasse o país depois que ele recebeu o líder da oposição, Juan Guaidó, no aeroporto na segunda-feira.
Em comunicado, o governo disse que sua decisão se devia a “recorrentes atos de ingerência nos assuntos internos do país” pelo diplomata, que “em desacato compareceu ao aeroporto internacional de Maiquetía para testemunhar a chegada do deputado Juan Guaidó”.
“A Venezuela considera inaceitável que um representante diplomático estrangeiro exerça em seu território um papel público mais típico de um líder político em clara sintonia com a agenda conspiratória de setores extremistas da oposição venezuelana”, afirmou ainda a nota.
O ministro alemão das Relações Exteriores, Heijko Maas, advertiu em um comunicado que a expulsão do embaixador “agrava a situação” na Venezuela.
O anúncio foi feito pelo governo Maduro depois de o embaixador alemão comparecer na última segunda-feira, junto a outros diplomatas, ao Aeroporto Internacional Simón Bolívar, em Caracas, para receber o líder da oposição e autoproclamado presidente interino do país Juan Guaidó e apoiá-lo caso houvesse uma tentativa de detê-lo.
Reconhecido por mais de 50 nações como presidente interino da Venezuela, Guaidó, de 35 anos, encerrou no Equador uma turnê pela América Latina que incluiu ainda Colômbia, Paraguai, Argentina e Brasil, onde se encontrou com o presidente Jair Bolsonaro.
Em declaração a jornalistas no aeroporto, Kriener afirmou que os representantes diplomáticos que se mobilizaram no aeroporto buscam uma saída pacífica para a crise na Venezuela. “Viemos ajudar para que o regresso [de Guaidó] seja seguro”, disse.
Apesar de não mencionar a recepção a Guaidó, o Ministério do Exterior venezuelano afirma que as ações de Kriener violam as regras básicas das relações diplomáticas. O governo Maduro advertiu que não permitirá “ações de representantes diplomáticos que impliquem uma intromissão em assuntos” da Venezuela, que é “irrevogavelmente livre e independente”.
Ao mesmo tempo, manifestou disposição para manter “uma relação de respeito e cooperação com todos os governos da Europa”, considerando indispensável que estes facilitem uma “solução pacífica e dialogada” entre os atores políticos venezuelanos.
Em 23 de janeiro, Guaidó recorreu à Constituição venezuelana para argumentar que, como chefe do Parlamento, tem autoridade para se autodeclarar presidente interino ao considerar que Maduro está “usurpando” a Presidência.
No poder desde 2013, Maduro foi reeleito em maio passado em eleições não reconhecidas por boa parte da comunidade internacional e que não contaram com a participação da oposição.
A Alemanha anunciou reconhecer Guaidó como presidente interino da Venezuela no início de fevereiro, junto com vários países europeus – entre eles França, Espanha e Reino Unido. Os governos europeus encarregaram o líder da oposição de convocar novas eleições presidenciais.