Cientistas dos Estados Unidos apontaram para uma possível relação entre a vacina BCG, para a tuberculose, e a redução da mortalidade em pacientes com Covid-19. Um estudo publicado pela revista “PNAS” sugeriu essa relação mas reconheceu que ainda é cedo para afirmar que a vacina protege contra o coronavírus.
O artigo analisou dados de países que têm políticas de vacinação mais abrangentes, como o Brasil, por exemplo e comparou com os números de lugares com menor cobertura vacinal, como os EUA.
“Descobrimos que a mortalidade da Covid-19 nos estados de Nova York, Illinois, Louisiana, Alabama e Flórida (não-vacinados) era significativamente maior que em estados de países que aplicam a BCG (Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo, no Brasil; e Cidade do México, no México)”, escreveram os pesquisadores.
Eles disseram que há uma “associação consistente” entre a vacinação e a redução no número de casos graves da doença, mas que isso não é suficiente para estabelecer uma causalidade entre a aplicação da BCG e a proteção contra casos graves de Covid-19.
Ensaios clínicos
Os pesquisadores citaram o desenvolvimento de dois ensaios clínicos randomizados que podem atualizar o que se sabe sobre essa relação apontada. Em andamento na Holanda e na Austrália, profissionais de saúde foram injetados parte com BCG e outra com um placebo.
Apenas depois de um estudo mais seguro é que poderão afirmar que há uma relação entre a vacinação e a imunidade para o coronavírus.
Os pesquisadores ressaltaram também que há pouca informação sobre a vacinação tardia com a BCG, que não é indicada para o uso em idosos por se tratar de uma vacina feita a partir de vírus atenuado e não deve ser administrada em pacientes com baixa imunidade.
Ainda uma hipótese
Se a hipótese de proteção do BCG for verdadeira, dizem os cientistas norte-americanos, isso teria grandes implicações para as regiões com programas de vacinação universal em andamento, incluindo a maioria dos países em desenvolvimento, que sofreriam menos com a pandemia da Covid que a Europa e os EUA.
De acordo com o estudo, em muitos países da América Latina, a vacinação universal foi introduzida na década de 1960, o que pode significar que pessoas com mais de 55 anos não receberam a vacina representariam um segmento vulnerável da população durante a pandemia.
Os pesquisadores afirmaram também que as diferenças nas coberturas vacinais podem também significar mudanças nas medidas de reabertura econômica. “A maioria dos países asiáticos possui programas ativos de vacinação universal com BCG”, explicaram os pesquisadores.
“Se o BCG estiver conferindo algum nível básico de proteção, é possível que algumas das estratégias de relaxamento das medidas de distanciamento social adotadas pelos países asiáticos possam não ser eficazes na América do Norte e nos países da Europa Ocidental.”