Quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 23 de agosto de 2020
As farmacêuticas Pfizer e BioNTech, que trabalham juntas para o desenvolvimento do imunizante contra o novo coronavírus (Covid-19), informaram que estimam a aprovação regulatória da vacina para outubro.
De acordo com o comunicado das empresas, divulgado na última quinta-feira (20), se autorização for concedida pelos órgãos oficiais, serão produzidas 100 milhões de vacina contra o coronavírus até final de 2020. Já para o próximo ano, está previsto a distribuição de 1,3 bilhão de doses.
No documento está especificado os dados como a segurança e eficácia dos estudos de fase 1. Os humanos testados pela BNT162b2, como é chamada a vacina, exibiram respostas positivas.
“Em todas as populações, a administração da BNT16b2 foi bem tolerada com febre leve e moderada em menos de 20% dos participantes”, comunicou as farmacêuticas.
“Esses resultados informaram a seleção da vacina para o estudo global principal de Fase 2 de 3 até 30 mil participantes que já começou em julho de 2020, e que até o momento inscreveu mais de 11 mil participantes, incluindo em áreas com alta transmissibilidade do coronavírus”.
A Johnson & Johnson (NYSE: JNJ) também anunciou que iniciará a fase final de sua vacina experimental contra o coronavírus em setembro. O teste da gigante do setor de saúde e beleza dos EUA também informou que se prepara para disponibilizar a vacina a partir do início do próximo ano.
O estudo final da empresa será realizado em até 60.000 adultos saudáveis, fazendo dele o maior teste até o momento. Segundo o diretor científico da Johnson & Johnson, Paul Stoffels, os pesquisadores avaliarão a segurança e a capacidade da vacina de induzir uma resposta imune.
A Johnson & Johnson pode obter os resultados sobre a capacidade de prevenção segura contra o coronavírus da vacina até o final do ano, disse Stoffels. Se for bem sucedida, a empresa espera que o tratamento seja disponibilizado no início de 2021, e a J&J planeja fabricar até um bilhão de doses até o final do próximo ano.
Cientista brasileiro
O cientista baiano Gustavo Cabral, que lidera uma pesquisa da USP (Universidade de São Paulo) para a produção de uma vacina brasileira contra o coronavírus, encarou um desafio diferente no sábado (22). Ele participou do quadro ‘Quem Quer Ser Um Milionário?’, do Caldeirão do Huck. Durante o programa, além das questões para tentar ganhar R$ 1 milhão, o pesquisador teve de responder ao apresentador Luciano Huck a verdadeira “pergunta do milhão” neste momento em que vivemos: quando as “pessoas normais” vão receber a vacina capaz de proteger da Covid-19?
“Na minha opinião, esse ano, seguindo todos o padrões (de pesquisa), para pessoas comuns (a vacinação) é praticamente impossível”, disse o cientista da USP. Cabral explicou a Luciano Huck que o trabalho científico leva tempo, pois precisa ter muitos cuidados antes de liberar uma nova vacina, já que ela deve proteger sem causar nenhum dano. Para ter a vacina licenciada, é necessário completar a fase 3 dos estudos, uma das mais críticas — em que estão algumas vacinas pesquisadas nesse momento, entre elas a de Oxford, testada no Brasil. “Nessa fase, precisamos utilizar milhares de pessoas em um teste que deve seguir duas situações: ser randomizado (escolher aleatoriamente quem recebe a vacina ou placebo) e duplo-cego (nem o médico nem os voluntários sabem quem tomou a vacina ou placebo), pois aí não tem interferência humana nenhuma (nos resultados).”
Ele explicou que esses testes devem ter, no mínimo, um ano de acompanhamento para saber se a imunização é eficaz e segura. “Claro que vão encurtar (o prazo), mas isso é perigoso não só pela questão dos efeitos colaterais, mas por outro fator bem básico que as pessoas não pensam: ‘E se a vacina não funcionar’?”. Cabral explicou a Luciano Huck que a justificativa para testar a vacina em humanos já foi acelerada, após resultados de um estudo em que ela protegeu macacos da Covid-19.