Sexta-feira, 10 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 19 de agosto de 2018
A Venezuela pediu ao governo brasileiro que proteja seus cidadãos. O contato se deu após a cidade de Pacaraima, em Roraima, se transformar em uma zona de conflito entre brasileiros e venezuelanos no sábado (18), com pedradas, ataques com bombas de gás improvisadas, incineração de pertences de refugiados e vandalização de carros.
Em grupos, brasileiros perseguiram refugiados venezuelanos que vivem em Pacaraima e queimaram seus pertences após o comerciante local Raimundo Nonato ser surrado em uma tentativa de assalto na véspera. Agredidos com pedaços de pau, os refugiados foram expulsos das tendas que ocupavam na região na fronteira do Brasil com a Venezuela.
A onda de violência começou a partir de uma manifestação pacífica contra a imigração venezuelana na manhã do sábado convocada após Nonato ser espancado por quatro venezuelanos, segundo a polícia, e ter R$ 23 mil e celulares roubados – o comerciante está internado no hospital geral de Pacaraima com traumatismo craniano, e seu quadro de saúde é estável.
Quando o protesto se dispersou, moradores da cidade passaram a andar em bandos pelas ruas da cidade, cuja zona urbana é pequena, procurando pertences de venezuelanos e queimando. Uma tenda que abrigava venezuelanos foi destruída com um trator. Bombas improvisadas de gás e pedras foram usados como munição contra os refugiados.
Das ruas da cidade, o confronto avançou para a fronteira. Com pedradas, um grupo fez venezuelanos recuarem para dentro de seu território até que membros da guarda venezuelana no local disparassem tiros de advertência para evitar a deterioração da situação. Em retaliação, venezuelanos passaram a quebrar carros de brasileiros na divisa.
Após o Exército brasileiro, que está em missão humanitária na cidade, informar que não iria agir, apesar de repudiar a violência, e as autoridades brasileiras no local não intervir no conflito, o governo venezuelano entrou em contato com o Ministério das Relações Exteriores do Brasil.
No contato, o governo de Caracas solicitou às autoridades brasileiras as “garantias correspondentes aos nacionais venezuelanos e que tome as medidas de proteção e segurança de suas famílias e bens”. E manifestou “preocupação com as informações que confirmam ataques a imigrantes venezuelanos, assim como desalojamentos em massa”, ações que “violentam normas do direito internacional” e são estimuladas por “perigosa matriz de opinião xenófoba, multiplicada por governos e pela imprensa a serviço do imperialismo”.
No momento em divulgou a conversa com o governo brasileiro, o presidente Nicolás Maduro disse ter determinado que os funcionários do consulado em Boavista sigam para Pacaraima para “velar pela integridade” dos venezuelanos.
No sábado, o Ministério da Segurança Pública brasileiro informou que enviará um efetivo extra da Força Nacional para Pacaraima com 60 homens, que devem se juntar às equipes que já desenvolvem operação de apoio à Polícia Federal na região na segunda-feira (20).