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A Venezuela pediu aos Estados Unidos a extradição de um ex-secretário de Hugo Chávez que recebeu 1 bilhão de dólares em propinas

Alejandro Andrade enriqueceu com operações no câmbio negro. (Foto: Reprodução)

A Venezuela pediu aos Estados Unidos a extradição de Alejandro Andrade, secretário do Tesouro durante o governo do então presidente Hugo Chávez (2007 a 2011), já falecido. Ele está sendo processado nos Estados Unidos e admitiu ter recebido US$ 1 bilhão (cerca de R$ 3,8 bilhões) em propinas, para facilitar a compra ilegal de dólares a valores abaixo do mercado.

“Esperamos que as autoridades norte-americanas entreguem este delinquente internacional”, declarou em caracas o procurador-geral do país latinoamericano, Tarek Saab. Ele acrescentou ter pedido a captura de Andrade à Interpol. “Esse cidadão vive nos Estados Unidos, desfrutando de uma doce vida, o que representa algo brutal, grotesco e repugnante”, frisou.

Em 2003, o governo venezuelano passou a vender dólares com forte subsídio oficial. No mercado negro do País, a moeda norte-americana tem valor até 30 vezes maior. Com isso, pessoas com acesso privilegiado conseguem comprar dólares a preço baixo e revendê-los com grandes margens de lucro.

Essas transações ilegais geraram ganhos que permitiram ao ex-secretário comprar itens como 17 cavalos, 35 relógios de luxo, 12 carros e seis casas no Estado norte-americano da Flórida. No final de 2017, o ex-secretário do Tesouro concordou em assumir a culpa por ter violado a lei dos Estados Unidos contra corrupção no exterior e, neste mês, fez um acordo para entregar suas propriedades.

Uma das pessoas que pagaram propina a Andrade é Raúl Gorrín, 50 anos, dono do canal de TV Globovisión, que também está sendo processado. O empresário esteve envolvido no pagamento de mais de US$ 150 milhões (cerca de R$ 570 milhões) em propina para funcionários do governo venezuelano entre 2008 e 2017, em troca de acesso à compra de dólares, segundo os procuradores de Justiça em Washington.

Ele pode pegar uma pena de até 45 anos de prisão. As sentenças devem sair nas próximas semanas. O canal Globovisión fazia forte oposição ao governo chavista, mas reduziu suas críticas após ser comprado por Gorrín, em 2013.

Cúmplice

Outro venezuelano, Gabriel Jiménez, 50 anos, também assumiu a culpa por participar do esquema. Para facilitar o processo de lavagem de dinheiro, ele comprou – junto com Raúl Gorrín – o banco Peravia, da República Dominicana.

Os casos são parte de um amplo esforço dos procuradores dos Estados Unidos para acabar com o uso do sistema financeiro norte-americano para acobertar dinheiro venezuelano de origem corrupta. O atual chefe do governo de Caracas desde a morte de Hugo Chávez, Nicolás Maduro alega que o verdadeiro objetivo de Washington com essa ofensiva é destruir a democracia de seu país por meio de sanções financeiras.

 

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