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Mundo “A violência não vai derrubar a verdade”, diz líder da oposição venezuelana em manifestação

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María Corina Machado discursou durante protestos contra a vitória de Maduro

Foto: EBC
A opositora acrescentou que a preocupação oportuna e decisiva do republicano com a segurança dela foi “um ponto de virada”.(Foto: Reprodução/Instagram)

A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, afirmou que não “irá cair em provocações” e pediu para a população adotar um comportamento diferente ao do governo de Maduro, que teria “a violência como último recurso”.

Ela discursou durante manifestações nesse sábado (3) contra o resultado das eleições, que teve Maduro como vitorioso. Para os opositores do governo, o candidato Edmundo González foi o vencedor do pleito.

“A violência não vai derrubar a verdade”, disse. Corina pediu à população para a manifestação ser pacífica: “Nós não agrediremos”. A líder da oposição declarou também que o atual presidente não esperava a reação da população, que contesta o resultado divulgado.

“Como sempre, eles são capazes de qualquer coisa, mas nunca contaram com essa nossa reação, nunca imaginaram essa nossa reação. Não imaginaram que seria esta coragem”. Duas manifestações acontecem ao mesmo tempo em Caracas: uma a favor e outra contra o presidente.

Este protesto foi convocado por Corina nas redes sociais. Ela chegou ao local de caminhão, acompanhada por diversos líderes da oposição. O candidato Edmundo González Urrutia não estava presente. Tanto Corina quanto Gonzales estão sendo ameaçados de prisão. Até este sábado, ela estava escondida e temendo por sua vida, de acordo com reportagem do jornal americano “The Wall Street Journal”.

Maduro disse na quarta-feira (31) que Corina Machado e Edmundo González “têm que estar atrás das grades” e os convocou a “deixarem de ser covardes” e “se apresentarem ao MP para dar a cara a tapa”. O presidente também prometeu que “a Justiça vai chegar” para eles.

O protesto foi convocado por Corina nas redes sociais. Ela chegou ao local de caminhão, acompanhada por vários líderes da oposição, mas não por seu candidato Edmundo González Urrutia.

Durante o discurso da líder, a população gritava: “Não temos medo”. Corina lembrou que, mesmo as eleições tendo sido realizadas há 6 dias, o órgão eleitoral venezuelano não entregou as atas de votação. O documento foi solicitado pela oposição e por outros países, incluindo o Brasil.

“O regime nunca esteve tão frágil como hoje, nós temos a legitimidade e o mundo está vendo isso”, declarou. A líder da oposição afirmou que já sabia que o reconhecimento de uma vitória seria difícil e alegou que os dados que apontam a perda de Maduro são “oficiais e originais”.

Ela pediu ainda para que os fiscais eleitorais resistissem e que sabe que os funcionários do governo enfrentam grande pressão no momento. Em seu discurso, Corina declarou que não deseja o país dividido. “Eu quero que todos estejam juntos, alguns já estão se somando ao movimento. […] Vamos fazer isso juntos como nação”, afirmou.

Entenda a crise

Nicolás Maduro foi declarado o vencedor das eleições de 28 de julho pelo CNE (Conselho Nacional Eleitoral) na segunda-feira (29). O órgão responsável pelas eleições no país é presidido por um aliado do presidente.

Maduro foi reeleito com 51,95% dos votos, enquanto seu opositor, Edmundo González, recebeu 43,18%, com 96,87% das urnas apuradas, segundo números do CNE atualizados na tarde desta sexta-feira (2).

A oposição e a comunidade internacional contestam o resultado divulgado pelo órgão eleitoral e pedem a divulgação das atas eleitorais. Segundo contagem paralela da oposição, González venceu Maduro com 67% dos votos, contra 30% de Maduro. Com base nessas contagens, Estados Unidos, Panamá, Costa Rica, Peru, Argentina e Uruguai declararam que o candidato da oposição venceu Maduro.

A OEA (Organização dos Estados Americanos) também não reconheceu o resultado das eleições presidenciais. Em relatório feito por observadores que acompanharam o pleito, a OEA diz haver indícios de que o governo Maduro distorceu o resultado.

O relatório também afirmou que o regime venezuelano aplicou “seu esquema repressivo” para “distorcer completamente o resultado eleitoral”. Brasil, Colômbia e México divulgaram uma nota conjunta na quinta-feira (1º), pedindo a divulgação de atas eleitorais na Venezuela. A nota pede também a solução do impasse eleitoral no país pelas “vias institucionais” e que a soberania popular seja respeitada com “apuração imparcial”.

O Brasil já vinha pedindo que o CNE — órgão controlado na prática por Maduro — apresente as atas eleitorais, espécie de boletim das urnas.

 

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