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Por Redação O Sul | 28 de fevereiro de 2019
A visita do líder oposicionista venezuelano Juan Guaidó ao Congresso Nacional brasileiro, nessa quinta-feira, terminou em confusão com manifestantes no prédio do Senado. O tumulto começou quando um homem, identificado pela Polícia Legislativa como secretário parlamentar, gritou várias vezes a palavra “golpista” pouco antes da saída de Guaidó do gabinete da presidência do Senado, onde se reuniu com o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e outros parlamentares.
O assessor, identificado pela polícia apenas como Claudecir, foi vaiado por outros funcionários comissionados de parlamentares do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, e se envolveu em uma discussão com uma assessora da deputada Bia Kicis (PSL-DF), a ativista cubana Zoe Martinez.
“Vai para Cuba, vai lá passar um pouco de fome”, disse a assessora. Claudecir, por sua vez, repetia: “Laranjal”, em referência ao escândalo de candidaturas laranjas ligadas ao PSL revelados pelo jornal “Folha de S.Paulo”.
O homem foi retirado à força por seguranças da área delimitada para imprensa, onde se amontoavam também servidores da Casa e assessores, sob vaias e gritos de “fora comunista”, “fora Maduro” e “vai para a Venezuela” vindos de apoiadores de Guaidó.
Ele foi levado à Polícia Legislativa da Câmara, mas não houve registro de ocorrência e foi liberado. Já os manifestantes favoráveis ao líder oposicionista não foram retirados do local.
Após a confusão, Guaidó, que daria uma entrevista após a reunião, deixou o Congresso sem falar com jornalistas. Antes ele havia se reunido com deputados federais no plenário da Câmara.
O líder oposicionista foi recebido na entrada da Casa por deputados de bancadas conservadoras, como a líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP). O primeiro a cumprimentá-lo foi o deputado Alexandre Frota (PSL-SP). Também participaram das reuniões parlamentares do Novo, do PTB e do DEM.
Bolsonaro
No pronunciamento que fez ao lado do presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto, Juan Guaidó afirmou que no regime de Caracas não há um dilema entre guerra e paz, mas sim entre ditadura e democracia.
“Há, também, uma luta entre a miséria e a morte de nossa gente”, acrescentou o parlamentar de 35 anos. Autodeclarado presidente interino da Venezuela, em oposição a Nicolás Maduro, ele havia desembarcado em Brasília na noite de quarta-feira.
Depois de um breve encontro com Bolsonaro no Palácio do Planalto, declarou que a visita à capital brasileira marca um momento importante na história do continente: “Sem dúvida, trata-se de um novo começo de relacionamento positivo entre Venezuela, Brasil e região”.
Em seu discurso, Bolsonaro chamou Guaidó de “irmão” e “esperança”, além de prometer que o Brasil não poupará esforços, dentro dos princípios da legalidade, para que a democracia seja restabelecida na Venezuela. Isso só será possível através de eleições limpas e confiáveis”, disse.
O presidente brasileiro, que precisou de tradução simultânea para acompanhar o discurso do colega em espanhol, salientou que Guaidó poderá contar com o Brasil para atravessar a atual crise econômica e ressaltou que continuará apoiando as resoluções do Grupo de Lima (Peru), fórum formado por 14 países das Américas.
O líder venezuelano mencionou a relação comercial entre os dois países que, segundo ele, chegou a US$ 5 bilhões e hoje é de US$ 200 milhões. Ele disse ainda que, para a recuperação econômica do país, a Venezuela precisa reconquistar a democracia por meio de eleições livres.
“A crise é produto da corrupção, do ataque dos direitos humanos na Venezuela, ataque à industria privada”, afirmou. Ele citou, ainda, a grande quantidade de venezuelanos que deixou o país em meio à crise e disse que o caminho é a volta para casa.
Ao lado de Bolsonaro, Guaidó disse que continua lutando para que chegue ao seu país a ajuda humanitária que está sendo coordenada pelo Brasil com a ajuda dos Estados Unidos.