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Política A vitória inédita do Brasil no Oscar com o filme “Ainda estou aqui” mobilizou políticos da esquerda à direita, em uma tentativa de “surfar” na onda do sucesso da obra

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Em ligação para o diretor Walter Salles, o presidente Lula disse que o cineasta lavou a alma “do povo” e “do cinema brasileiro”. (Foto: Matt Sayles/Divulgação)

A vitória inédita do Brasil no Oscar com o filme “Ainda estou aqui” mobilizou políticos de diferentes matizes, em uma tentativa de “surfar” na onda do sucesso da obra. Um levantamento do jornal O Globo localizou proposições legislativas mencionando o longa na Câmara dos Deputados, no Senado e em pelo menos quatro Assembleias estaduais, além de medidas anunciadas por chefes de Executivo pelo país. Além disso, nomes da esquerda, de centro e até da direita repercutiram o triunfo nas redes sociais. Já o núcleo duro do bolsonarismo, após um silêncio inicial, atacou a produção e fez uso do título do filme para protestar contra a situação de presos pelos atos de 8 de janeiro.

O longa retrata a busca da advogada Eunice Paiva, interpretada pela atriz Fernanda Torres, pelo marido, o deputado Rubens Paiva, sequestrado e morto pela ditadura militar brasileira em janeiro de 1971. Ela só conseguiu a certidão de óbito do companheiro em 1996, após 25 anos de espera.

Em São Paulo, o deputado estadual Guilherme Cortez (PSOL) apresentou na semana passada, dois dias após a vitória no Oscar, um projeto de lei para que o nome da rodovia estadual Presidente Castello Branco (SP280) seja alterado para rodovia Eunice Paiva. Na justificativa do projeto, o parlamentar afirmou que o ex-presidente militar foi um dos principais articulares do golpe de 1964 que vitimou Rubens Paiva.

“Em um momento no qual muita gente tenta reescrever o que aconteceu na ditadura e retomar as ideias do autoritarismo, o filme nos relembra os horrores do período e nos mostra a história de pessoas que lutaram contra ele”, justifica Cortez.

Já a deputada federal Adriana Accorsi (PT-GO) apresentou, em fevereiro, um projeto que obriga a exibição do filme nas escolas de ensino médio da rede pública e privada, “como parte integrante do programa pedagógico voltado à conscientização sobre temas sociais, históricos e de direitos humanos”.

Ainda na Câmara, o também petista Carlos Veras (PT) sugeriu, no mesmo mês, a criação da “Lei Ainda Estou Aqui”, que estabeleceria o Cadastro Nacional de Cinemas Tradicionais. Também conhecidos como cinemas de rua, os espaços registrados deverão, se aprovado o projeto, exibir obras cinematográficas brasileiras premiadas.

Até o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), fez alusão ao longa no discurso logo após a vitória na eleição interna, em fevereiro. “Encerro com uma mensagem de otimismo: ainda estamos aqui”, disse ao fechar sua fala. No Senado, Randolfe Rodrigues (PT-PE) requereu a realização de uma sessão especial a fim de homenagear a vida e luta de Eunice e Rubens Paiva.

A adoção do livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, filho de Rubens e Eunice, que deu origem ao filme, em bibliotecas de escolas públicas foi anunciada pelo governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), em janeiro. Solicitações de inclusão da obra na rede estadual de Educação também ocorreram por deputados estaduais petistas em São Paulo e no Mato Grosso.

Após o triunfo brasileiro na premiação, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), decidiu desapropriar a casa na Urca, na Zona Sul da cidade, onde foi filmado o longa para transformá-la na Casa do Cinema Brasileiro.

A Assembleia Legislativa fluminense (Alerj), por sua vez, aprovou, no fim de fevereiro, a entrega da Medalha Tiradentes, maior honraria do Poder Legislativo local, a Marcelo Rubens Paiva. A iniciativa partiu da deputada Verônica Lima (PT), que também protocolou um projeto para que o nome do pai de Marcelo, o ex-deputado Rubens Paiva, esteja no Livro dos Heróis e Heroínas do estado.

Em ligação para o diretor Walter Salles, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que o cineasta lavou a alma “do povo” e “do cinema brasileiro” ao conseguir “se superar em uma arte” na qual, segundo ele, só haveria premiações para norte-americanos.

Nas redes, a vitória no Oscar foi festejada por outros políticos de esquerda, que utilizaram o prêmio para criticar a ditadura militar. A deputada federal Érika Hilton (PSOL-SP), por exemplo, escreveu que o longa “provocou discussões importantes sobre os crimes e horrores cometidos pela ditadura contra nossa própria gente, assim como influenciou mudanças legais sobre mortos e desaparecidos pela ditadura”.

A comemoração, porém, se expandiu pelo espectro ideológico. O senador bolsonarista Carlos Portinho (PL-RJ) foi um dos que celebrou o resultado, destacando que “O Brasil é um só”.

Também aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o deputado federal Bibo Nunes (PL-RS) foi mais um a elogiar a conquista – criticado por seguidores, contudo, ele acabou excluindo o comentário. “A vitória de ‘Ainda Estou Aqui’ como melhor filme internacional faz com que nós, brasileiros, voltemos a sentir orgulho do nosso país, independentemente do enredo”, dizia a postagem apagada.

O recuo reflete a postura de figuras mais próximas a Bolsonaro. Filho do ex-presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) atacou abertamente Walter Salles em postagem nas redes sociais, chamando o diretor de “psicopata cínico”.

O próprio ex-mandatário compartilhou uma postagem que recuperava um vídeo antigo de dois meninos que seriam filhos de Débora dos Santos, presa acusada de pichar a frase “Perdeu mané” na estátua “A Justiça” durante o 8 de janeiro. “Ainda estão aqui – órfãos de pais vivos”, destacou Bolsonaro junto da gravação. As informações são do jornal O Globo.

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https://www.osul.com.br/a-vitoria-inedita-do-brasil-no-oscar-com-o-filme-ainda-estou-aqui-mobilizou-politicos-da-esquerda-a-direita-em-uma-tentativa-de-surfar-na-onda-do-sucesso-da-obra/ A vitória inédita do Brasil no Oscar com o filme “Ainda estou aqui” mobilizou políticos da esquerda à direita, em uma tentativa de “surfar” na onda do sucesso da obra 2025-03-09
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