Na metade dos anos 1980, a Volkswagen do Brasil passava por um amplo processo de renovação. Enquanto o automóvel Gol e seus derivados se consolidavam no mercado, o Fusca estava prestes a sair de linha pela primeira vez (antes de retornar na primeira metade da década seguinte). E o seu substituto seria o projeto BY.
O objetivo era lançar um automóvel pequeno e com preço acessível, a fim de concorrer diretamente com o recém-lançado Fiat Uno. Jornais de 1985 (0 primeiro ano da chamada “Nova República”, que substituiu a ditadura militar no País) contavam com repórteres e fotógrafos à espreita, em regime de plantão, nos arredores da unidade da fabricante alemã em São Paulo. Eles tinham a missão de registrar algum flagrante dos protótipos.
Com base nas poucas imagens obtidas, revistas especializadas tentavam adivinhar como seria o novo “carro do povo”, mas isso jamais ocorreria, por um motivo bastante simples: o projeto não foi levado adiante e permaneceu arquivado para somente agora, 34 anos depois, ser enfim relevado.
Durante evento na semana passada em seu complexo industrial de São Bernardo do Campo (ABC Paulista), a multinacional apresentou o BY. Um protótipo que permanece em perfeito estado confirma o que muitos especialistas em mercado automotivo especulavam: trata-se de uma versão encurtada do Gol.
Complicou
No entanto, a sua construção não seria algo simples. A suspensão traseira era a mesma utilizada no sedan Voyage tipo exportação, que chegava aos Estados Unidos com o nome “Fox”. O conjunto de molas e amortecedores custava caro diante dos planos da montadora, que precisava de um automóvel de apelo popular.
A dianteira era a mesma do Gol, mas o protótipo BY ficou desproporcional: sua frente alongada contrastava com a traseira curta, resultando em algo parecido com uma Parati “hatch”. O motor usado seria o mesmo 1.6 refrigerado a água da família BX de então (Gol, Voyage, Parati e Saveiro).
O protótipo exibido agora pela montadora tem volante de aro fino e bancos forrados de tecido cinza. O mesmo acabamento é encontrado nos painéis de plástico que revestem as laterais internas.
Para aumentar o espaço no porta-malas, o candidato a sucessor do Fusca teria banco traseiro corrediço. Essa solução só foi adotada pela marca em 2003, quando o hatch compacto Fox foi lançado. Dessa forma, mesmo que tivesse o assento sobre trilhos, o espaço alcançado para passageiros e bagagens no BY seria bastante inferior ao disponível no Uno.
Os engenheiros da Volkswagen trabalharam por um longo tempo no projeto (alguns anos, talvez), na tentativa de entregar um veículo mais barato que o Gol e capaz de repetir o sucesso do Fusca. Mas os planos chegaram ao fim em 1987, quando teve início a Autolatina, fusão regional com a Ford.