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A Volkswagen suspende por 12 dias a sua produção no Brasil por causa da pandemia

Medida foi causada pelo agravamento da pandemia de Covid-19. (Foto: Divulgação). (Foto: Divulgação/Volkswagen)

A Volkswagen do Brasil vai suspender a produção em todas as suas fábricas no País por 12 dias corridos. A decisão foi tomada, segundo a empresa, por causa do agravamento da pandemia, com alta do número de casos e mortes por covid-19, e pelo aumento da taxa de ocupação dos leitos de UTI nos Estados brasileiros.

Esta é a segunda vez que a empresa para no Brasil por causa da pandemia. No ano passado, a companhia também paralisou as atividades em suas fábricas, entre março e abril, para evitar a contaminação pelo coronavírus entre seus funcionários.

A partir da próxima quarta-feira (24), as atividades de produção das fábricas da Volkswagen de São Bernardo do Campo (SP), Taubaté (SP), São Carlos (SP) e São José dos Pinhais (PR) estarão suspensas até o dia 4 de abril.

A medida atinge cerca de 15 mil empregados das áreas de produção. Os funcionários da área administrativa trabalharão remotamente. Segundo a empresa, a medida foi tomada em conjunto com os sindicatos locais.

A Volkswagen não revelou quantos carros deixarão de ser produzidos ou o impacto financeiro da pausa, por questões estratégicas, segundo a empresa. Mas disse que não há impacto no pagamento dos empregados, e que os dias parados serão compensados futuramente.

“A empresa adota esta medida a fim de preservar a saúde de seus empregados e familiares. Nas fábricas, só serão mantidas atividades essenciais”, disse a montadora em nota.

Há outras iniciativas em andamento para buscar a adesão das empresas ao lockdown. Clemente Ganz Lucio, assessor do Forum das Centrais Sindicais, afirmou que há negociação com o governo do Estado de São Paulo para sentar com os empresários e discutir medidas de apoio ao lockdown. Outro encontro, dessa vez com os governadores do Consórcio Nordeste, na mesma direção.

Paraná e São Paulo estão entre os Estados que enfrentam situações críticas nesse momento.

A fase emergencial de São Paulo começou na  última segunda (15) e vai até dia 30 de março. A medida é ainda mais rígida do que a fase vermelha do Plano SP e, além do toque de recolher das 20h às 5h, prevê o fechamento de praias e parques, e proíbe a realização de cultos religiosos, atividades esportivas coletivas e a retirada de comidas em restaurantes.

Já o governo do Paraná prorrogou até abril suas regras restritivas para conter a propagação do vírus. O Estado atingiu 101% de ocupação nos leitos de UTI ontem, com 469 leitos e 474 internados. Nas enfermarias, também há mais pacientes do que leitos.

O sindicato dos Metalúrgicos do ABC já tinha feito reunião nesta semana com a Anfavea, a associação que representa as montadoras, pedindo a paralisação de todas as fábricas devido ao avanço da pandemia.

Segundo Wagner Santana, presidente do sindicato, não houve acordo, mas a associação orientou as empresas a negociarem com as centrais sindicais. A entidade continua em contato com as demais montadoras da região (Mercede-Benz, Toyota e Scania) reivindicando a suspensão de atividades. Além disso, pede ainda que as empresas comprem vacinas para doar ao SUS.

Falta de insumos

O setor de automóveis foi um dos que teve melhor desempenho ao longo de 2020, impulsionado pelos juros mais baixos e facilidade de crédito, mesmo com a crise causada pela pandemia.

No entanto, com esta alta demanda e estoques menores, agora o setor está sofrendo com falta de insumos.

Isso tem levado o mercado automotivo brasileiro a paralisar ou interromper a produção, o que pode ter como efeito a alta nos preços de veículos, segundo analistas do setor.

A situação, segundo estimativa da Renault, deve piorar no segundo trimestre, já que o restabelecimento do suprimento é previsto para depois de junho.

Honda e General Motors anunciaram no final de fevereiro a parada da linha de montagem e férias coletivas a funcionários da produção de veículos, respectivamente.

A Volvo não suspendeu a produção de suas fábricas, mas diz que também precisou fazer paradas eventuais.

O problema para o setor não é apenas a falta da matéria-prima. Com a escassez, os preços ficam mais altos. O preço do aço, por exemplo, material básico para a fabricação de veículos, subiu mais de 15% nos dois primeiros meses do ano e mais de 45% nos últimos 12 meses.

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