Segunda-feira, 07 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 25 de julho de 2024
O ex-secretário da Receita Federal José Tostes não compareceu para prestar depoimento na sede da Polícia Federal (PF) nessa quinta-feira (25). Ele falaria no âmbito do inquérito que apura o monitoramento ilegal de pessoas e autoridades públicas pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a chamada “Abin paralela”. Tostes será intimado para comparecer a sede da PF na próxima segunda-feira (29).
O auditor será questionado sobre a menção ao seu nome feita durante uma reunião entre o então chefe da pasta Alexandre Ramagem e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em agosto de 2020.
Na ocasião, Bolsonaro teria sugerido que advogadas do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) falassem com Tostes e com o então chefe do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), estatal de processamento de dados do governo, sobre o caso das “rachadinhas” envolvendo o filho 01 na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).
“É o caso de conversar com o chefe da Receita”, disse.
A fala se deu após as duas citarem supostas irregularidades cometidas por auditores da Receita na elaboração de um relatório de inteligência fiscal que originou o inquérito. A conversa teve o áudio gravado por Ramagem. O arquivo foi identificado pela PF após a apreensão de seu celular e computador, em janeiro desse ano.
Os investigadores pretendem perguntar a Tostes se ele foi procurado após esse encontro. Durante a gravação, Ramagem afirmou que “seria necessário a instauração de procedimento administrativo” contra os auditores, “visando anular a investigação, bem como retirar alguns auditores de seus respectivos cargos”.
O áudio foi encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), há duas semanas e deverá passar por uma perícia por profissionais do Instituto Nacional de Criminalística (INC) para ser transcrita a íntegra da reunião, de 1h e 8 minutos de duração, inclusive quando há sobreposição de vozes.
Na reunião, as advogadas também citaram estratégias defensivas que pretendiam adotar. Nas redes sociais, o senador negou envolvimento com a chamada “Abin paralela” e disse ser vítima de “criminosos que acessaram ilegalmente” os seus dados sigilosos na Receita Federal.
O inquérito da PF visa apurar a espionagem irregular de autoridades da cúpula do Legislativo e do Judiciário, além de desafetos políticos e jornalistas, no esquema que ficou conhecido como “Abin paralela”.
A utilização do programa secreto chamado FirstMile para monitorar a localização de alvos pré-determinados por meio dos aparelhos celulares foi revelada em março do ano passado. As informações são do jornal O Globo.