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| “Absorvamos, busquemos, alcancemos”: Dorival Júnior, técnico da seleção, usa o presente do subjuntivo corretamente; e você?

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Dorival chamou atenção nas redes sociais por sua maneira de falar. (Foto: CBF)

“O importante é que nós foquemos um pouco mais, nos preparemos um pouco mais, que estejamos muito mais determinados.” A frase, dita pelo Dorival Júnior na sua apresentação como o novo técnico da Seleção Brasileira masculina de futebol, é só um exemplo característico do seu jeito de falar: cheio de verbos no presente do subjuntivo.

Essa particularidade de Dorival não passa batida nas redes sociais. Torcedores e internautas reparam nisso e elogiam o uso correto desse tempo verbal – especialmente por não ser tão usado no dia a dia.

Geralmente, as pessoas falam de uma maneira mais coloquial (quando nem sempre a norma culta é respeitada) ou optam por tempos verbais mais comuns – mesmo em contextos formais.

“O que causa espanto é o uso do presente do subjuntivo na primeira pessoa do plural, que é o ‘nós’, o que é muito difícil, porque normalmente substituímos essa pessoa pelo ‘a gente'”, explica Ávila Oliveira, professor de português.

Mas e você: sabe usar o presente do subjuntivo corretamente?

Presente do subjuntivo

Para começar, é preciso lembrar que o subjuntivo é uma flexão verbal (ou seja, uma variação do verbo) associada a algo incerto ou que ainda não aconteceu. Esse tempo verbal é normalmente utilizado para expressar ordem, desejo, dúvida ou sentimento.

Portanto, o presente do subjuntivo é um tempo verbal que indica uma possibilidade, uma hipótese, uma incerteza, no momento presente.

– Desejo que nós realizemos nossos sonhos.
– Espero que venhamos aqui mais vezes.
– Torço para que consigamos passar de ano.
– Tomara que possamos ir ao cinema no fim de semana.
– Quero que sigamos nesse rumo.

A flexão do verbo acontece em todas as pessoas do plural e do singular (eu, tu, ele, nós, vós, eles), e é na primeira pessoa do plural que o estranhamento mais acontece.

“No dia a dia, quase não utilizamos mais o ‘nós’ para conjugar verbos. O ‘a gente’ tomou esse lugar e, quando ele é utilizado, os verbos ficam flexionados no singular”, afirma o professor. Por isso, segundo Átila, os espectadores podem ter estranhado quando Dorival Júnior disse: “É isso que eu espero que alcancemos ao longo desses anos”, e não: “É isso que eu espero que a gente alcance ao longo desses anos”, por exemplo.

Norma culta é a única maneira correta de falar? Não! “O principal objetivo da língua é comunicar, e isso precisa ser feito de maneira efetiva. Se o ouvinte não entende palavras mais rebuscadas, o interlocutor pode e deve usar termos e uma maneira de falar mais simples que torne a comunicação eficaz”.

Para Ávila Oliveira, a norma culta não deve ser considerada como a única forma correta de falar, nem a maneira coloquial deve ser resumida a falar errado. Segundo ele, tudo depende do contexto, do que, como e com quem se fala.

“Pode causar estranhamento falar de maneira informal durante a apresentação de um seminário acadêmico, da mesma maneira que é estranho falar formalmente em um bar com os amigos”, explica o professor.

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