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Aceno do governo Lula ao centro para tentar conter o bolsonarismo esbarra em disputas com o PT

(Foto: Reprodução)

A estratégia do governo Lula de buscar composições ao centro e até com a direita para tentar impedir o avanço do bolsonarismo no Senado na eleição de 2026 já acumula obstáculos. Há resistências do PT em diversos Estados na abertura de espaços para outras legendas, além de disputas internas entre petistas e na base.

Preocupado com a governabilidade e um eventual crescimento da oposição, Lula determinou que seu partido priorize alianças para o Senado, o que em muitos casos vai significar abrir mão de candidaturas próprias. A questão se torna mais complexa, no entanto, pelas fissuras na própria base.

Ministros como Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), do Republicanos, e André Fufuca (Esporte), do PP, disputam espaço nos estados — Pernambuco e Maranhão, respectivamente — com siglas do arco de Lula e vão precisar de uma negociação intensa para garantir suas candidaturas ao Senado. Integrantes do PT, como o líder do governo na Câmara, José Guimarães, no Ceará, e o ministro Rui Costa (Casa Civil), na Bahia, também estão cotados, mas já enfrentam concorrência.

“O partido precisa de estratégia. Se o presidente Lula ganhar a eleição e a extrema-direita tiver maioria no Senado, vai ser uma situação extremamente difícil. Tem lugar que não tem nem como cogitar candidaturas do PT. Vamos discutir também a eleição de aliados”, avalia o senador Humberto Costa (PT-PE), que comandou Grupo de Trabalho Eleitoral do partido na eleição de 2024 e é cotado para repetir a tarefa daqui a dois anos.

No próprio Estado de Costa, Pernambuco, há exemplos de dificuldades para unir o PT e os partidos próximos. Há um congestionamento de candidaturas governistas ao Senado e pelo menos quatro legendas demonstram interesse nas duas vagas que estão em jogo.

Além de Costa, que deve disputar a reeleição, estão cotados Silvio Costa Filho, a ex-deputada Marília Arraes (Solidariedade) e o senador Fernando Dueire (MDB).

Soma-se a isso a aproximação da governadora Raquel Lyra (PSDB), que está em vias de se filiar ao PSD, com o governo Lula. A entrada dela na base do presidente dividiria o grupo petista no estado, já que hoje o partido está no arco de alianças do prefeito do Recife, João Campos (PSB), apontado como principal rival de Lyra na disputa pelo governo estadual em 2026.

Há uma articulação para que a chapa governista seja composta por Campos como candidato a governador e Silvio Costa Filho e Humberto Costa como postulantes ao Senado. Essa configuração, no entanto, tem potencial de embaralhar a base e provocar insatisfação de Marília Arraes e do MDB. Em paralelo, partidos como PSD e PP, que antes eram aliados de Campos, já desembarcaram da base dele para se aliar à governadora.

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