O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, sugere a redução de salários de integrantes do Legislativo, do Judiciário e do Executivo. O dinheiro reforçaria as ações do governo contra o Covid-19. Não se duvida de sua boa intenção.
Caso obtenha êxito na proposta, poderá se esconder em Macuco, o menor município do Estado do Rio de Janeiro, e não fazer campanha em 2022. Mesmo assim, será um dos mais votados à reeleição.
Difícil entender
Dúvida não é bom remédio para o período de pandemia. No pronunciamento, ontem à noite, o presidente Jair Bolsonaro criticou o fechamento do comércio e o confinamento em massa, criando uma grande confusão. Sua pergunta sobre o fechamento das escolas, tema que especialistas explicaram exaustivamente, complica mais ainda.
Bolsonaro deveria adotar a prática dos técnicos de futebol: treino conjunto com ministros, antes das partidas, para acertarem as jogadas.
Sintoma perigoso
Quando surgiram ontem rumores sobre estremecimento entre o presidente Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, assessores do Palácio do Planalto deveriam ter corrido às farmácias para comprar Camomila, Melissa, Maracujá, Alecrim e Tília. Em um momento de tensão, nada mais recomendado do que chás em doses intensas.
Causa e efeito
Cientistas políticos começam a projetar consequências dos fatos deste ano no comportamento dos eleitores: 1ª) a percepção mais clara da distância entre o que é dito nas campanhas, o que a lei manda e os governos podem fazer; 2ª) o populismo e bom mocismo dos candidatos levam a nada.
Bandeira branca
A Organização Mundial da Saúde cumpre tarefa histórica, agindo em todos os fronts para combater o Covid-19. A Organização das Nações Unidas deveria seguir o exemplo, apelando aos países que persistem em conflitos armados. Na maioria, as vítimas são mulheres, crianças e pessoas com deficiências. Basta o risco da pandemia.
Portas fechadas
Lojistas reclamaram do movimento fraco em fevereiro, que teve apenas 17 dias de funcionamento pleno. Jamais poderiam imaginar o tsunami de março. Desenha-se no horizonte uma reconfiguração do mercado.
Palpite infeliz
Maílson da Nóbrega, ministro da Fazenda no governo Sarney, afirmou ontem que “a equipe econômica do presidente Bolsonaro é brilhante, mas parece perdida”. Não lembra que ele mesmo se perdeu: em sua gestão, a inflação no país bateu recorde histórico.
Dúvida de sempre
Em um de seus notáveis artigos, o empresário Antonio Ermírio de Moraes escreveu:
“Muitos dizem que a classe política é o espelho da sociedade. Não concordo. É esdrúxulo pensar que o povo brasileiro deseja ter, como seus representantes, pessoas que definham em matéria de honestidade, competência e experiência.”
Experimentou e desistiu
Moraes não compactuou com a regra da promessa vazia. Concorreu ao governo de São Paulo em 1986 e ficou em segundo lugar. A frustração com a política o levou a escrever peças em que usava o refrão: “A política é o maior de todos os teatros.”
Há 60 anos
Na última semana de março de 1960, confirmou-se a previsão: os servidores públicos se dividiram em duas alas. Uma resistia à transferência do Rio de Janeiro para Brasília, que seria inaugurada a 21 de abril. Outra aceitou, após a proposta de receber o salário em dobro, além de casa ou apartamento sem pagar aluguel. Não é difícil imaginar quanto custou toda a operação com dinheiro público.
Contra mudança
Billy Blanco inspirou-se no impasse e compôs Não Vou pra Brasília, que frequentou as paradas de sucesso nas emissoras de rádio. Um trecho da letra:
“Não vou, não vou pra Brasília / Nem eu nem minha família / Mesmo que seja / Pra ficar cheio da grana / A vida não se compara / Mesmo difícil, tão cara / Eu caio duro / Mas fico em Copacabana.”
Fontes quase secas
Tesoureiros das próximas campanhas eleitorais vão se recordar com saudades de figuras que se tornaram conhecidas como “paitrocinadores”. Agora, praticamente extintos.