Quinta-feira, 06 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 8 de julho de 2019
O acervo do Museu Júlio de Castilhos (MJC), em Porto Alegre, está servindo de pesquisa para profissionais internacionais. Um norte-americano analisa a presença real do povo negro na lida do Pampa, comparando a narrativa escrita e consagrada com a oralidade, presente no campo e em quilombolas do Rio Grande do Sul.
Quem está a frente das pesquisas é o crítico cultural Ryan Morrison. Ele está na capital gaúcha buscando dados para um doutorado na Universidade do Texas, em Austin, nos Estados Unidos. Ryan analisa o livro “Rio Grande do Sul: Terra e Homem”, publicado na década de 1950 pelo fotógrafo alemão Wolfgang Hoffman-Harnisch.
Para Doris Couto, diretora do MJC, a vinda de estudantes de fora do estado e do país para estudos no Museu, em Porto Alegre, destaca as diversas funções da instituição, além da questão turística e escolar. “Junto ao trabalho de Ryan, que tem um caráter internacional, temos duas pesquisas de doutorado, duas de mestrado e uma de extensão da UFRGS em andamento”, afirma Doris, ressaltando a frequente busca por informações no local.
Ryan faz doutorado na área de Língua e Cultura Latino Americana, na qual também é professor, na Faculdade de Espanhol e Português, analisando o tema do imaginário racial da região do Pampa. “Meu principal objetivo é fazer a população estar com o pensamento aberto, sempre crítica às ideias prontas, impostas”, garante o pesquisador.
Ele ficará em Porto Alegre até 21 de agosto, por meio de uma bolsa de estudos, para se dedicar ao trabalho de campo, antes de voltar para escrever e apresentar a tese, o que deve acontecer em 2022. “Me sinto um privilegiado por realizar esse trabalho”, comemora, Ryan, garantindo que gostaria de conseguir uma parceria com alguma instituição local para voltar ao estado e aprimorar o trabalho ainda antes da apresentação da tese.
Além do confronto de ideias, o norte-americano busca uma abordagem questionando como o negro confronta esse imaginário, inclusive a partir de lendas tradicionais, como a do Negrinho do Pastoreio e suas representações imagéticas retratadas em pinturas e esculturas. Uma vez defendida, a tese deve vir a ser publicada.