Ícone do site Jornal O Sul

“Acho inadmissível contratar jogador e não pagar em dia o salário”, diz a presidente do Palmeiras

Candidata à reeleição no Palmeiras, ela luta pela implementação do Fair Play financeiro no Brasil. (Foto: Divulgação)

Embora não se considere uma celebridade entre os dirigentes, Leila Pereira é a cartola mais famosa do País. São muitos os convites, mensagens, ligações e pedidos feitos diariamente para a presidente do Palmeiras, que se gaba de o time ter conquistado 31 títulos sob sua gestão, entre competições profissionais, da base e do feminino.

“Converso comigo mesma e eu falei pra mim que, como três anos passam muito rápido, precisava aproveitar a visibilidade que o Palmeiras dá para fazer algo produtivo para o futebol brasileiro, para as mulheres”, diz a mulher que ocupa o cargo mais proeminente do atual bicampeão brasileiro.

Segundo a empresária de 59 anos, candidata à reeleição no pleito de 24 de novembro, o respeito que conquistou no futebol, ambiente predominantemente masculino, é fruto da credibilidade que diz passar ao torcedor. “Sou uma dirigente diferente”, diz. “Não sou várias pessoas, sou uma só e falo a verdade. Às vezes falo mais firme do que muito homem”.

Favorita a ser reeleita, a empresária repassa suas ações no comando do Palmeiras, reflete sobre as mazelas do futebol brasileiro e fala sobre a necessidade de ser implantado o fair play financeiro no Brasil e de os clubes se entenderem para criar a tão desejada liga única.

1) Como foi administrar o Palmeiras nesses três anos?

Administrar um clube de futebol não é difícil. Eu não senti dificuldade porque já vim para o Palmeiras com a mentalidade de que nós administraríamos o clube como se fosse uma empresa. Dou autonomia para os profissionais. Só trabalha no Palmeiras quem realmente é competente. Não existe interferência política no futebol, por isso os profissionais trabalham com tranquilidade. O estresse é do muro para fora.

2) Caso seja reeleita, o que fará que não conseguiu fazer nesse primeiro mandato?

Tudo que desejei fazer eu fiz, tanto é que os resultados vieram. Nossa gestão, em dois anos e meio, conquistou 31 títulos, considerando competições de base, profissional e feminino. Isso nunca tinha acontecido na história do Palmeiras. Não acontece por acaso. É administração, profissionalismo. O que pretendo fazer é melhorar alguns pontos que aparecerem e tiverem de ser melhorados. A ideia é dar continuidade a esse trabalho. Se tiver solicitação do departamento de futebol, iremos ao mercado para fortalecer o elenco.

3) Considera ser uma celebridade entre os cartolas?

Não me considero uma celebridade, em hipótese alguma. Eu recebo convite, vou aos programas (de televisão), e gosto de conversar com as pessoas, gosto de expor as minhas ideias. Pensei que precisava ajudar na visibilidade das mulheres e do futebol, na forma de administrar um clube sem medo, sem pensar na reeleição, em conchavos. Não quero e não faço isso. Por isso digo que sou uma dirigente diferente. Não tenho medo de não ser reeleita.

4) Como conquistou o respeito no futebol, meio predominantemente masculino?

Acho que foi a credibilidade que passo para o torcedor. A mesma pessoa que está aqui conversando com você é a pessoa que conversa com os profissionais, com o torcedor. Não sou várias pessoas, só uma só e falo a verdade. No futebol, as pessoas não estão acostumadas a ouvir a verdade, e quem trabalha com a verdade vai estar certo. Fui eleita, gosto muito, não pretendo sair do futebol. Chamo a atenção também por ser mulher num ambiente tão masculino, no qual transito extremamente bem e à vontade. Às vezes falo mais firme do que muito homem. Eles me respeitam.

5) Você acredita ser viável implementar o fair play no Brasil de modo semelhante ao que se vê na Europa?

Para implementar, tem de ser por meio da CBF, de cima, para os clubes. Caso contrário, não vai ocorrer. Alguns clubes concordam, mas outros não. Se depender de muitos clubes não vai sair porque é de interesse de muitos dirigentes que não tenha o fair play financeiro. Eles podem ser irresponsáveis para conquistar o próximo campeonato. Depois eles saem, não acontece nada e o rombo fica. Tinha que ser implementado o fair play financeiro e a responsabilização do presidente por irresponsabilidades cometidas nas finanças do clube. Aliás, não sei como existem clubes que vendem para outros que não pagam ninguém. Gostaria de ver todos os clubes com suas contas em dia, o dirigente podendo contratar e pagar, pagar em dia o salário de seus atletas. Acho inadmissível, como presidente, contratar jogador e não pagar em dia o salário, os compromissos que tenho com os atletas. Se o fair play financeiro não for implementado, a grande maioria dos clubes vai quebrar e aí se transformam em SAF’s.

Sair da versão mobile