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Acne pode matar? Médicos explicam por que isso acontece e os melhores tratamentos para a doença

A acne pode ocorrer em qualquer fase da vida e devido a vários motivos, incluindo o uso de substâncias e medicamentos. (Foto: Reprodução)

Espinhas são um problema dermatológico comum, normalmente associado à adolescência. Entretanto, a acne pode ocorrer em qualquer fase da vida e devido a vários motivos, incluindo o uso de substâncias e medicamentos. Embora seja comum, a acne precisa ser tratada da forma correta ou pode trazer riscos. Basta lembrar de dois casos que ganharam o noticiário recentemente.

Em maio, viralizou nas redes sociais a história de Johnathon James, um jovem americano que desenvolveu um quadro de acne severa após tomar anabolizantes. As inflamações eram tão grandes que chegava a causar dores horríveis ao deitar ou se reclinar em uma cadeira.

Há algumas semanas, a estudante de Biomedicina Dâmilly Beatriz da Graça, morreu após contrair a superbactéria Staphylococcus aureus. Segundo sua mãe, a acne foi a porta de entrada para a infecção da filha.

O que é

A acne é uma doença inflamatória da pele que ocorre quando os folículos pilosos ficam entupidos com sebo – óleo que ajuda a evitar que a pele resseque – e células mortas da pele. Isso leva ao surgimento de cravos, espinhas e cistos, de acordo com o grau de inflamação. De acordo com a médica Elisete Crocco, coordenadora do Departamento de Cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a acne é a doença de pele mais frequente no consultório de dermatologistas.

Tanto que diversas celebridades que desfilam pelos tapetes vermelhos com a pele perfeita já assumiram publicamente que enfrentam ou já sofreram com o problema. Entre elas estão a atriz Millie Bobby Brown, a modelo Rosie Huntington-Whiteley a cantora Doja Cat e a influenciadora Rafa Kalimann.

Causas

O fato de serem todas mulheres não é coincidência. O principal fator para o surgimento da acne são alterações hormonais. É por isso que a condição atinge principalmente os adolescentes. Cerca de 60% das meninas e 70% dos meninos sofrem com cravos e espinhas na puberdade.

A questão é que enquanto na adolescência os homens são mais suscetíveis, devido ao pico de hormônios andrógenos, que são responsáveis pelo início do funcionamento das glândulas sebáceas, na idade adulta, as mulheres são mais propensas às oscilações hormonais e à acne. Tanto que a acne adulta, aquela que afeta pessoas com mais de 25 anos, costuma ser chamada de acne da mulher adulta, pois afeta 54% das mulheres dessa faixa etária, segundo informações do Journal of American Academy of Dermatology.

Mas as alterações hormonais não são o único fator para o desenvolvimento da acne na idade adulta. Estresse, tabagismo, alimentação, uso de medicamentos, cuidados com a pele, exposição solar e à poluição e oleosidade são outros fatores de risco.

Normalmente, a acne aparece no rosto, nas costas, no tórax e nos ombros. Segundo o médio Renato Soriani, da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD), na adolescência, os locais mais acometidos são a região “T” da face (testa, nariz e parte superior das bochechas) e as costas.

Tipos

Em qualquer fase da vida e local do corpo a acne pode se manifestar em quatro estágios principais, que variam de leve à grave. São eles: comedões, que são os cravos brancos ou pretos; pápulas, que são pequenas lesões elevadas e avermelhadas; pústulas, que são as famosas espinhas; nódulos e cistos, que são lesões maiores e que se expandem para camadas mais profundas da pele.

É importante mencionar que esses graus não são necessariamente progressivos. Isso significa que não é preciso apresentar primeiro os graus leves para depois evoluir para os níveis mais graves.

Tratamento

A boa notícia é que independentemente da idade em que o problema aparece e do grau, há tratamento. E ele deve o mais precocemente possível.

O tratamento varia de acordo com a gravidade. Casos leves, como os cravos ou espinhas pontuais, podem ser resolvidos com o uso de produtos tópicos com substâncias como ácido salicílico, peróxido de benzoíla, retinoides, antibióticos e ácido azeláico.

Quando o quadro não evolui bem o tratamento por via oral é associado, utilizando-se antibióticos específicos. Esse também é o tratamento recomendado para acnes mais graves, como nódulos e cistos. Caso os antibióticos não funcionem e se houver tendência a cicatrizes, é indicado o uso da isotretinoína oral.

Embora haja muita polêmica em relação ao uso desse medicamento, devido aos seus efeitos colaterais, os especialistas afirmam que o tratamento é eficaz e seguro, desde que feito sob orientação e supervisão médica.

Independentemente de ser tópico ou oral, é fundamental que o tratamento da acne seja prescrito por um dermatologista. Pode parecer preciosismo, mas a automedicação, mesmo com o uso de produtos tópicos pode envolver riscos. Os principais são: eczema, alergia, irritação, ressecamento excessivo e efeito rebote.

O principal objetivo do tratamento é evitar o desenvolvimento de cicatrizes, que além de afetarem negativamente a autoestima de um paciente que normalmente já tem uma autoestima baixa, são difíceis de tratar.

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