Na opinião de Henrique Meirelles, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, faz um bom trabalho na cadeira que ocupou entre 2016 e 2018. “Ele está em um governo que tem uma visão de que o gasto público é o que conduz a economia, o crescimento e a criação de emprego. Ele tem consciência das limitações, dos riscos e dos custos dessa expansão fiscal”, diz Meirelles.
O ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central concedeu entrevista ao portal de notícias G1. Meirelles lembra que o cargo demanda uma costura entre a visão dos analistas e do mercado financeiro contra o que pensam os políticos – particularmente do partido do governo, o PT.
“Ele tem que conviver com esses dois lados da equação. Ele está fazendo isso com habilidade, e conseguindo manter as contas em relativo controle”, afirma o ex-ministro.
A principal mudança entre os tempos de Meirelles e de Haddad foi a mecânica do controle fiscal. Responsável pela criação do teto de gastos, o ex-ministro viu sua criação ruir em 2022, no governo de Jair Bolsonaro, e ser substituído pelo arcabouço fiscal no primeiro ano do governo Lula, em 2023.
Para Meirelles, o importante foi mantido: a gestão das contas públicas segue obedecendo a certos limites.
“O teto de gastos era algo que colocava um limite mais direto e mais duro. Do meu ponto de vista, também mais eficaz”, diz. “De qualquer forma, é positiva a existência do arcabouço. Poderia ser melhor? Sim. Mas também poderia ser muito pior.”
Meirelles lançou na semana passada o livro “Calma sob pressão: O que aprendi comandando o Banco de Boston, o Banco Central e o Ministério da Fazenda”. Nele, conta suas memórias ao ocupar os cargos mais relevantes da economia e avalia os desafios.
“O ministro Haddad está fazendo um bom trabalho. Ele está em um governo que tem uma visão de que o gasto público é o que conduz a economia, o crescimento e a criação de emprego. Ele tem consciência das limitações, dos riscos e dos custos dessa expansão fiscal”, disse Meirelles.
“Então, existe um meio-termo. É uma situação em que, de um lado, está o que os analistas e o mercado esperam de política fiscal e, do outro, o que os políticos, particularmente o partido dele, esperam da política fiscal. E ele tem que conviver com esses dois lados da equação. Ele está fazendo isso com habilidade, e conseguindo manter as contas em relativo controle.”
“Recentemente, algumas coisas geraram uma preocupação maior, como criar uma despesa passando pela Caixa Econômica, de maneira que não entre no orçamento. Isso é negativo, um sinal negativo. Espero que seja controlado e que tenham sido situações pontuais. No caso, por exemplo, do governo Dilma, isso gerou problemas importantes. Então, eu acredito que a gestão fiscal, na medida em que continue obedecendo a certos limites, é positiva. O arcabouço fiscal é muito mais flexível, permite um crescimento real das despesas. O teto de gastos era algo que colocava um limite mais direto e mais duro. Do meu ponto de vista, também mais eficaz. De qualquer forma, é positiva a existência do arcabouço. Poderia ser melhor? Sim. Mas também poderia ser muito pior”, afirmou o ex-ministro. As informações são do portal de notícias G1.