Sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 7 de fevereiro de 2024
O ex-jogador brasileiro Daniel Alves, acusado de ter estuprado uma mulher na boate Sutton, em Barcelona (ES), na madrugada do dia 31 de dezembro de 2022. Ele prestou depoimento nessa quinta-feira (8), o terceiro dia do julgamento do caso.
Ao responder as perguntas da sua própria advogada de defesa, ele chorou e afirmou que bebeu excessivamente naquela noite. De acordo com o relato do “Marca”, ele chorou a ponto de ter dificuldade para completar as frases.
Daniel Alves afirmou que não é um homem violento e que não forçou a denunciante a acompanhá-lo ao banheiro.
Além disso, disse que mentiu na primeira versão, quando afirmou que não teve contato nenhum com a mulher do caso, porque não queria que a sua esposa soubesse.
O brasileiro disse que só soube pela imprensa que era acusado de estupro e que está praticamente arruinado porque suas contas bancárias foram bloqueadas e ele perdeu contratos no Brasil.
Relato sobre a noite
O brasileiro afirmou que chegou às 2h30 da madrugada na discoteca e que haviam mudado o camarote que ele deveria ocupar. Por razões de segurança, havia um banheiro em uma área reservada da boate.
Ele afirmou que dançou um tempo com duas mulheres, que depois convidaram outras três –entre elas, a denunciante.
Depois da fala de Daniel Alvez, o Ministério Público e a advogada de defesa expuseram seus argumentos pela última vez.
Depois de escutar todas as partes, o caso agora vai para a fase de sentença, o que deve demorar cerca de dez dias. O Ministério Público pede 9 anos de prisão, e a denunciante já falou em 12 anos.
Alegações finais
A promotora do caso afirmou que a suposta vítima disse que foi voluntariamente ao banheiro, mas que não sabia o que havia no local.
Ela também afirmou que o relato da denunciante é totalmente verossímil e que há indícios que corroboram com a descrição que ela fez dos eventos daquela noite. Além disso, a suposta vítima não mudou nada em sua história desde o primeiro momento.
Já Daniel Alves deu diversas versões sobre o caso –no julgamento, ele falou pela primeira vez que bebeu muito álcool naquela noite.
Em seguida, a representante do Ministério Público relembrou alguns detalhes do depoimento da mulher: ela disse que Daniel Alves a penetrou pela frente e por trás, ejaculou dentro e fora dela e, quando ela estava no chão, deu tapas em seu rosto e disse que ela era “a putinha dele”.
Para o Ministério Público, nada indica que houve consentimento. Ela teria pedido para que Daniel Alves parasse, e ele foi violento: deu tapas e puxou o cabelo dela.
A promotora disse que havia um outro banheiro, mais reservado, com um sofá, mas que Daniel Alves levou a denunciante para um banheiro “asqueroso” e “sujo” porque sabia que a mulher não queria ter relações sexuais com ele.
Por fim, em sua argumentação, a promotora disse que na saída da boate a denunciante estava sendo consolada e apontava para os próprios joelhos quando Daniel Alves passou por ela e se esquivou, com pressa para ir embora.
Relato final da defesa
A advogada de defesa, Inés Guardiola, afirmou que o depoimento da denunciante é evasivo, parcial, não se ajusta à realidade e incoerente.
Guardiola disse que a prima da mulher, que estava na boate, reconheceu o futebolista e quis tirar fotos com ele. A advogada afirmou que os dois dançaram juntos e próximos e que, em duas ocasiões, a denunciante foi até Daniel Alves para recomeçar a “paquera corporal”.
Para a advogada de defesa, a sexualização do comportamento entre a denunciante e o denunciado é clara, porque ´durante a dança ela esfregou suas nádegas nas partes íntimas do réu.
Para Guardiola, os dois estavam dançando juntos e fazendo movimentos que indicavam que havia interesse e atração.
A defesa também disse que Daniel Alves estava bêbado –ele teria tomado seis drinks e suas capacidades cognitivas foram comprometidas a ponto de ele ser impedido de dirigir.
Testemunhas já falaram
Vinte e oito testemunhas foram convocadas para os depoimentos entre eles a jovem espanhola que acusa o brasileiro, além do próprio ex-jogador.
Antes do começo do julgamento, Daniel Alves apresentou quatro versões sobre o que aconteceu na boate Sutton. Durante o julgamento, ele contou algo diferente: pela primeira vez, afirmou que estava muito embriagado.