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Por Redação O Sul | 30 de janeiro de 2022
Uma ação da Delegacia de Homicídios da Capital da Polícia Civil, do Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público e da Interpol resultou na prisão de três acusados de participação na morte de Alcebíades Paes Garcia, o Bid um dos chefes do jogo do bicho no Rio de Janeiro. Ele foi executado na madrugada de 25 de fevereiro de 2020, após deixar desfiles de carnaval da Marquês de Sapucaí e chegar em casa, na Barra da Tijuca. Entre os presos, está Bernardo Bello, ex-presidente da escola de samba Unidos de Vila Isabel e considerado o mentor intelectual do crime. Ele foi capturado em Bogotá, na Colômbia.
No Rio de Janeiro, foram presos os seguranças de Mello, Thyago Ivan da Silva e Carlos Diego da Costa Cabral. Integrantes do Escritório do Crime, Leonardo Gouvêa da Silva, Mad, e seu irmão, Leandro Gouvêa da Silva, o Tonhão, também tiveram a prisão preventiva decretada, mas já estavam na cadeia por outros crimes. Já Wagner Dantas Alegre, segurança de Bernardo e apontado como o responsável pelos disparos, está foragido.
Segundo a denúncia do MP, o homicídio foi praticado por motivo torpe, para eliminar o concorrente na disputa pelos pontos da contravenção do jogo do bicho e pela exploração de máquinas caça-níqueis na zona Sul e em parte da zona Norte do Rio. Bernardo foi denunciado pelo Ministério Público por ser o mandante do assassinato.
Mad e Tonhão participaram do crime fazendo “vigilância e monitoramento da vítima” pelo menos desde setembro de 2019. Os irmãos chegaram a ser investigados por suspeita de envolvimento na morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018.
Já os seguranças contratados por Bid para acompanhá-lo na ida ao Sambódromo, Thyago e Carlos Diego, foram denunciados, respectivamente, pelo fornecimento de informações e localização da vítima e abandono de seu posto de vigilância. Já Wagner foi apontado como autor dos disparos de arma de fogo, um fuzil calibre 5,56, que mataram o contraventor.
“Foi praticado de modo a resultar perigo comum, com o emprego de arma de fogo quando a vítima se encontrava no interior de veículo onde estavam outros passageiros e motorista, em região urbana densamente povoada, colocando em risco incontáveis pessoas. Por fim, o crime ocorreu mediante dissimulação, uma vez que dois denunciados lograram ser contratados como seguranças para integrar a escolta de Bid, que pensava estar protegido; e por emboscada, uma vez que a vítima foi brutalmente alvejada por dezenas de tiros de fuzil, sem qualquer chance de defesa, no exato momento em que desembarcava de uma van, por executor que já a guardava de modo velado no local”, informou o MP.
“Trata-se de mais uma operação emblemática no Rio contra uma organização criminosa que não tinha medo de executar pessoas à luz do dia. Com essas prisões, mostramos mais uma vez que o Estado unido, neste caso por meio de uma parceria entre a Polícia Civil e o Ministério Público, sempre vai ser mais forte do que o crime organizado. A mensagem que fica é justamente que o respeito voltou e não há mal que possa enfrentar o bem”, disse o secretário de Polícia Civil, delegado Allan Turnowski.
O advogado Fernando Augusto Fernandes, que defende Bernardo Bello, disse ao jornal O Globo que seu cliente estava com passagem marcada de retorno para o Brasil neste domingo (30).
“O mandado de prisão é uma folha. Da notícia de prisão de Bernardo Bello, nem ele, familiares ou advogados conseguiram até o momento acesso a decisão que determinou a prisão. Há claro ferimento ao Pacto de São Jose da Costa Rica nos arts 7 e 8, além do art. 5 LXI e LXIII da Constituição. A defesa não teve acesso a ordem de prisão dele. É direito constitucional de que o preso seja cientificado das razões da sua prisão. Não basta citar artigos. É possibilitar que possa ser lido os fundamentos que o juiz deu para prendê-lo. Não há periculosidade alguma. Há uma acusação de um ato grave, mas ele é primário e jamais foi condenado por crime nenhum. Ele não resistiu a prisão, foi preso num hotel diante dos filhos e com a passagem marcada de volta ao Brasil”, afirmou o advogado de Bello.
Mais cedo, a defesa de Bello tinha afirmado em nota que o cliente é inocente: “Ele estava em viagem com os filhos menores de idade no exterior e foi preso retornando ao Brasil. Ele é inocente do fatos que lhe imputam e vale informar que sempre esteve a disposição das autoridades brasileiras. Devido a isso, a defesa irá requerer sua soltura por habeas corpus”, disse.
Neste domingo (30), a Justiça do Rio de Janeiro negou o pedido de habeas corpus feito pela defesa de Bello. Na decisão, o desembargador Gilberto Campista Guarino, do plantão judiciário do Tribunal de Justiça do Rio, que assina o documento, destaca o primeiro pedido feito nesta sexta-feira, também negado. Segundo ele, o novo pleito pretendia “apenas insistir no que já foi, como antecipado, analisado e apreciado” no último plantão pela desembargadora Elisabete Alves de Aguiar.
Com os pedidos, a defesa tentava que Bernardo fosse autorizado a ser solto e se entregar no Brasil. As informações são do jornal O Globo.