As tensões raciais continuam acaloradas nos Estados Unidos. Após a passeata de supremacistas brancos em Charlottesville e o discurso controverso de Donald Trump, condenando “excessos dos dois lados”, o cinema Orpheum, em Memphis, preferiu retirar o clássico “E o Vento Levou” de sua programação.
O local é acostumado a exibir filmes antigos, mas o épico, passado na Guerra Civil, despertou protestos pelo retrato estereotipado e servil da população negra. Vale lembrar que 64% dos habitantes da cidade são negros. Nas redes sociais, parte dos espectadores defendia a exibição como forma de aprendizado de um passado a não repetir, mas outros se sentiam ofendidos com o teor do filme.
A empresa se pronunciou oficialmente sobre o caso: “O Orpheum agradece os comentários de seus membros sobre a programação. Nossa organização tem a missão de divertir, educar e esclarecer a comunidade, e não pode mostrar um filme insensível a grande parte da população local”.
De fato, a representação de homens e mulheres negros tem sido muito mais questionada nos cinemas, de modo que estereótipos de antigamente (o blackface, por exemplo) não costumam ser aceitos nos dias de hoje. As redes sociais têm ajudado minorias a exigirem respeito e representatividade no cinema.
Embora “E o Vento Levou”, seja um clássico do cinema, outras obras de teor questionável também o são: “O Nascimento de uma Nação” ostenta conteúdo abertamente racista, enquanto “O Triunfo da Vontade” utilizou as técnicas mais modernas do cinema para venerar as ideias nazistas. Ou seja: os tempos mudam, os espectadores também. (Bruno Carmelo/Adoro Cinema)