Terça-feira, 24 de dezembro de 2024
Por Carlos Roberto Schwartsmann | 31 de janeiro de 2023
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
O presente texto fala das mães.
Neste aspecto as pessoas se dividem em dois grandes grupos: As que a mãe já é falecida e as que a mãe está viva. Acho que ambos os grupos vão refletir sobre a coluna.
Minha mãe, Maria, faleceu semana passada com 98 anos.
Apesar de experiente, confuso com este novo fato, aturdido pela emoção, tento absorver a ideia de que nunca mais poderei ouvir a sua voz, seus conselhos e suas poesias.
Convivemos juntos durante muitos anos. Tentei ser o melhor filho possível! Realmente ela foi uma das pessoas mais fantásticas que tive o prazer de conhecer.
No seu enterro inúmeros amigos teceram comentários e elogios a respeito do seu caráter, da sua educação, da sua polidez, da sua bondade, do seu bom humor e da sua veia artística.
Os genes da arte foram distribuídos de maneira desigual. Meu irmão Gilberto levou a maioria.
Ainda no sepultamento, muitos comentaram que ela era tão especial que seria fortíssima candidata a cadeira de IMORTAL na academia da vida.
O nome Maria é muito bonito. E como a vida é cíclica, milhares de novas meninas vão receber este dádiva de nome: Maria. Maria é mãe de Jesus!
No Egito antigo significava “ a amada de Deus”. No grego “ a iluminada”. No hebraico “a soberana”
O nome foi consagrado e imortalizado na música do filme “Amor sublime amor” que ganhou 10 óscares em 1961. Johnny Mathis cantava:
“The most beautiful sound I ever heard: Maria, Maria, Maria! ” Sempre que escuto fico comovido e arrepiado.
Ela não foi só nossa mãe. Foi mãe de muitos familiares que se tornaram órfãos muito precocemente. Foi mãe de muitos amigos.
Dizia, quando colegas da faculdade chegavam para almoçar: Mais água no feijão, ovo frito e pão todos terão. ”
Declamava como ninguém. Possuía uma memória invejável. Foi fantástica poetisa de versos nunca publicados. Divido com todos uma poesia dedicada ao meu pai após falecimento em 2000. Se intitulava: “Doadora de órgãos! ”
“Eu gostaria de ser uma doadora de órgãos, coisa bonita ser preocupada com o próximo, mas talvez, não sei se posso. Já tive câncer e perdi meus seios. Doar as córneas também não posso, implantei lentes e perdi parcialmente a visão.
No fígado tive hepatite e asma nos pulmões, mas ainda tenho rins, pele e ossos.
É uma pena que não posso doar meu coração.
Pois ele eu já doei ao meu querido Simão! ”
Hoje, feliz, jaz ao lado do grande amor da sua vida. Por toda a eternidade! Nós teus filhos netos e bisnetos agradecemos a sorte de ter te conhecido: Muito obrigado.
ADEUS, MARIA!!
Carlos Roberto Schwartsmann – Médico e Professor universitário
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Voltar Todas de Carlos Roberto Schwartsmann