Depois de morar dez anos em São Paulo e conviver com muitos colegas ortopedistas japoneses, inclusive com sociedade jurídica (Celso Nishiara, Hideki Kuraoka, Yorito Kisaki), me permito ousar a escrever algumas linhas sobre eles.
Em época de Copa e iniciando pelo futebol, na gíria futebolística, quando se desejava desqualificar uma seleção se dizia “ É tudo ruim de bola, só tem Japonês! ”
Esta copa mudou tudo. O Japão venceu dois históricos campeões mundiais: Alemanha e Espanha. Foi eliminado, nos pênaltis, pela atual vice-campeã, a Croácia.
No Brasil vivem mais de 2 milhões de japoneses e seus descendentes (Issei, 1ª geração, Nissei, 2ª geração e Sansei, 3ª geração).
A cidade de São Paulo possui a maior comunidade japonesa fora do Japão do planeta: 1 milhão! No IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) o País está no 15º lugar. O Brasil ocupa o 84º.
Diferentemente de nós, a obediência às regras é um dos pilares da cultura oriental. Cruzar uma avenida, pela faixa de pedestres, pode ser feito sem olhar para os lados.
Possuem a maior expectativa de vida do mundo. A média é de 86 anos. A nossa é de 10 anos menos.
Bons hábitos alimentares ajudam a justificar a longevidade. Tem alimentação saudável e natural. A comida tradicional se baseia principalmente no arroz, mas os peixes e os legumes são bons coadjuvantes. (sushi, sashimi, temaki, niguiri…)
Princípios básicos filosóficos da cultura japonesa valorizam a família, os ritos e as tradições. Ainda complementam este cenário: respeito a hierarquia, a justiça, a honestidade e a honra.
Esta última ainda é muito respeitada na tradição nipônica. Historicamente, o Harakiri é um ritual cerimonioso que, para restituir sua honra, um samurai tem que estripar seu próprio ventre. Melhor morrer com honra e dignidade do que viver em desgraça!
Como guerreiros foram indelevelmente marcados pela brutalidade humana em Hiroshima e Nagasaki.
Outro princípio básico é do respeito a higiene. Na casa existe uma area (Genkan) que os sapatos são deixados na rua. Dentro de casa são usados chinelos ou pantufas.
A limpeza das escolas é feita pelos próprios alunos.
O aperto de mão é considerado algo íntimo. É um contato! Por isso são maus dançarinos! O cumprimento formal é feito através do “ojigi”, reverência oriental de curvar o corpo para frente.
Também possuem a maior consciência ambiental do planeta!
Nós gaúchos fomos surpreendidos quando, na copa do Brasil em 2014, os torcedores japoneses, após os jogos, recolheram o lixo nas arquibancadas. Este exemplo vem se repetindo em todas as grandes competições internacionais. No Catar chamou novamente a atenção da comunidade internacional.
Se copiássemos, apenas isto, certamente seríamos, também mais admirados!