Segunda-feira, 21 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 14 de setembro de 2023
O caso de um adolescente com uma doença rara que morreu após tomar um shake de proteínas – categoria da qual faz parte o whey protein – vem levantando debate. No Reino Unido, o legista Tom Osborne defende que os produtos coloquem em seus rótulos um alerta sobre o risco de morte de consumidores. Ele apresentou um relatório nesta semana à Food Standards Agency, agência reguladora britânica, equivalente à Anvisa.
Na avaliação da nutricionista Priscilla Primi, colunista do jornal o Globo e mestre pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), a colocação do aviso no rótulo seria um exagero.
“O que oriento sempre é que o paciente só consuma esse tipo de bebida sob prescrição de um médico ou nutricionista. Só vamos fazer a indicação depois de avaliar o paciente, olhar seus exames, avaliar se há algum problema renal. Essa recomendação de só consumir com a orientação de médico e nutricionista já existe no rótulo. Mas colocar que existe risco de morte acho que é muito exagero”, pondera.
Entenda o caso
Em 2020, o adolescente britânico Rohan Godhania, de 16 anos, morreu três dias depois de consumir um suplemento de proteína. Após consumir a bebida, o rapaz começou a passar mal e foi levado por seus pais ao hospital. Ele sofreu um dano cerebral irreversível provocado por intoxicação.
Os pais de Rohan compraram o suplemento após serem convencidos que o filho precisava desenvolver músculos para melhorar a postura.
O adolescente tinha deficiência em ornitina carbamoiltransferase (OTC), uma doença genética, rara e grave que afeta o ciclo da ureia, comprometendo a excreção de amônia e provocando toxicidade ao organismo. No entanto, o problema só foi descoberto depois de sua morte.
O shake de proteínas provocou uma elevação da quantidade de amônia no corpo do jovem, levando a uma intoxicação severa. Enquanto esteve no hospital, não foram feitos exames que poderiam identificar a reação, o que possibilitaria o tratamento de Rohan.
A família do adolescente autorizou o transplante de seus órgãos. Meses depois, a pessoa que recebeu o fígado do rapaz começou a ter quadros de convulsões. Uma biópsia foi feita no órgão transplantado e foi constatado que o Rohan tinha OTC.
A doença afeta um em cada 50 mil recém-nascidos, sendo mais comum em meninos, já que a condição está associada ao cromossomo X. Segundo National Institutes of Health (NIH), dos EUA, aproximadamente 10% das mulheres portadoras da deficiência apresentam sintomas.
Segundo o NIH, os principais sintomas da deficiência em ornitina carbamoiltransferase (OTC) em recém-nascidos são:
– Taquipneia (respiração acelerada);
– Vômito;
– letargia no primeiro dia de vida.
Em crianças e pessoas maiores os sintomas são:
– Letargia;
– Perda de apetite;
– Dores de cabeça matinais;
– Confusão.
As informações são do jornal O Globo.