Sábado, 23 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 30 de janeiro de 2022
A Polícia Civil resgatou 13 pessoas que eram mantidas em situação de trabalho análogo à escravidão em uma plantação de cebola na região do aeroporto de Caçador, no Oeste de Santa Catarina. Entre as vítimas resgatadas estavam dois adolescentes, que não tiveram as idades divulgadas. Uma jovem estava grávida, de acordo com a polícia.
Os policiais civis receberam a denúncia na tarde da última sexta-feira (28) e se deslocaram ao local denunciado. Lá, constataram um local insalubre, com pouca comida, com apenas um banheiro para todos os 13 trabalhadores, demonstrando as condições degradantes.
Os trabalhadores eram oriundos de diversos Estados e informaram que foram trabalhar na colheita de cebola com a promessa de ganhar por produção e que teriam comida e alojamento sem custos adicionais. Porém, quando chegaram, passaram a ser cobrados pela alimentação e moradia e, no final, estavam ganhando a metade do previsto.
Os policiais civis também constataram que os trabalhadores eram submetidos a uma jornada exaustiva, já que trabalhavam cerca de 11 horas diárias. Diante dos fatos, os policiais civis deram voz de prisão em flagrante ao contratante, um empresário do ramo da cebola.
Todos foram conduzidos para a Delegacia de Polícia e ouvidos no flagrante. Após os procedimentos legais, o preso foi encaminhado ao presídio regional de Caçador e os fatos comunicados à Justiça Federal.
Brasil
1.937 trabalhadoras e trabalhadores foram resgatados da escravidão contemporânea em 2021, segundo dados da Subsecretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) do Ministério do Trabalho e Previdência. O Ministério Público do Trabalho (MPT) esteve presente no resgate de 1.671 pessoas. As operações foram realizadas em conjunto com outros órgãos públicos, integrantes do grupo móvel nacional, como Auditoria Fiscal do Trabalho, vinculada ao Ministério do Trabalho e Previdência, Ministério Público Federal, Defensoria Pública da União, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal.
Além disso, no ano passado, o MPT recebeu 1.415 denúncias de trabalho escravo, aliciamento e tráfico de trabalhadores, número 70% maior que em 2020. Nos últimos cinco anos, a instituição recebeu 5.538 denúncias relacionadas a trabalho escravo e, nesse mesmo período, foram firmados 1.164 termos de ajuste de conduta (TACs), ajuizadas 459 ações civis públicas e instaurados 2.810 inquéritos civis sobre o tema.
Em apenas uma das operações, realizada em outubro de 2021, 116 pessoas foram resgatadas pelo grupo móvel nacional. Elas trabalhavam na colheita de palha para cigarros da empresa Souza Paiol. O resgate aconteceu em uma fazenda em Água Fria de Goiás (GO), a 140 quilômetros de Brasília. Houve fiscalizações em diferentes setores da economia, como a extração da carnaúba, plantações de café e cana de açúcar, garimpos, carvoarias e pedreiras, construção civil e oficinas de costura.