Segunda-feira, 17 de março de 2025
Por Redação O Sul | 15 de setembro de 2023
A defensora disse ter se sentido "ignorada" por não ser cumprimentada no início da sessão e chorou.
Foto: Reprodução/TV JustiçaA advogada Larissa Claudia Lopes de Araújo, que representa o réu Matheus Lima de Carvalho Lázaro, um dos condenados pelos atos do 8 de janeiro, queixou-se na tribuna do Supremo Tribunal Federal (STF) do tratamento conferido aos advogados durante o segundo dia de julgamento. A defensora disse ter se sentido “ignorada” por não ser cumprimentada no início da sessão e chorou.
“Na primeira vez que venho [ao STF], me sento como advogada. No primeiro dia de audiência, sou ignorada pelo PGR [procurador-geral da República], pelo ministro relator, que sequer nos cumprimentou”, afirmou a advogada, dizendo ser essa sua primeira sustentação oral presencial.
“Senhores, me desculpa por querer chorar, mas nós não somos os réus desse processo. Somos só advogados. Não fui eu que cometi o crime, se é que há um crime”, complementou.
O relator, ministro Alexandre de Moraes, foi o primeiro a falar após a sustentação da advogada. O magistrado repreendeu a queixa de Larissa, e disse que o Supremo dedica “estreita dedicação a todos os processos” e os ministros conferem “dedicação específica” a cada um dos casos.
“Diferentemente às vezes da própria advogada que perdeu o prazo para alegações finais, simplesmente perdeu o prazo. Mas esse relator, em respeito ao devido processo legal, abriu prazo para a Defensoria”, afirmou o ministro.
No decorrer de sua sustentação, Larissa afirmou que seu cliente era inocente e também questionou o andamento do processo e medidas adotadas pelo relator da ação.
Ela chamou seu cliente de “menino”, por ter 24 anos, e disse que ele sofreu um processo de “lavagem cerebral”. Ela, no entanto, afirmou que ele foi preso “sem critérios”.
A defensora disse ainda que o réu foi detido no Palácio do Buriti, a quatro quilômetros da Esplanada dos Ministérios, e que fez apenas uma foto em cima do Congresso.
“Muitos vieram aqui cheios de boas intenções”, disse.
Matheus Lima de Carvalho Lázaro foi o terceiro réu julgado nesta semana. A exemplo dos outros dois, o relator Alexandre de Moraes votou pela condenação e propôs pena de 17 anos de prisão. Segundo o ministro do Supremo, o caso de Lázaro, na comparação com os demais julgados nesta primeira etapa, era o processo com maior número de provas, incluindo confissão, vídeo e fotos.
Na análise do caso, o ministro Gilmar Mendes lembrou que o Supremo foi alvo de depredação no dia 8 de janeiro.
“O que nós fizemos de errado para chegar a isso? E o que nós devemos fazer para evitar que isso repita?”, questionou.
Ele ressaltou o papel da Suprema Corte na proteção da Constituição e da democracia.
“Muitos dos que nos odeiam certamente foram salvos pela ação deste tribunal”, completou.
A ministra Cármen Lúcia, que também votou pela condenação, rebateu argumentos de advogados que recorrem à tentativa de comoção, de tratá-los como coitados.
“Coitados são todos os brasileiros”, afirmou, “que viram o ataque à democracia”.