Terça-feira, 14 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 15 de julho de 2024
Advogadas do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) discutiram, em reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro, um pedido para o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) atuar numa ação para descredibilizar investigação da Receita que tinha o parlamentar como alvo.
O Supremo Tribunal Federal (STF) levantou nessa segunda-feira (15) o sigilo do áudio da reunião, que ocorreu no dia 25 de agosto de 2020.
A gravação da reunião foi feita, segundo a Polícia Federal, pelo ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem, aliado de Bolsonaro e que também estava presente ao encontro.
Segundo a Polícia Federal apontou nas investigações, a estratégia da defesa de Flávio e do entorno de Bolsonaro era dizer que agentes da Receita fizeram investigações ilegais contra o senador, alvo de operações sobre suposta prática de rachadinha.
Para isso, as advogadas cogitaram acionar o GSI para levantar possíveis irregularidades contra os servidores da Receita.
“Eu acredito, até que se isso aqui vier à tona, a gente vai ser bastante, é atacada, mas francamente, eu não tenho o pouco nem pouco a fazer. O que é que acontece? Eu juntei aqui. Eu fiz um, um pedido, é, general. Especialmente pro GSI. Porquê? É um pedido de averiguação. Dos sistemas de inteligência que atendem à Receita Federal, mas o pedido precisa, a averiguação precisa, feita, feito pelo Serpro”, afirmou a advogada Juliana Bierrenbach.
Em seguida, o então chefe do GSI, general Augusto Heleno, que também estava na reunião, perguntou:
“Quando vocês pediram?”
E Juliana respondeu:
“Não estou pedindo, estou trazendo hoje”.
Mais à frente na reunião, a advogada Luciana Pires discute outras opções para a ação da defesa que não fosse uma ajuda do GSI. Ela cogitou a via legal de acionar o STF.
“Qual seria a outra opção que a gente poderia fazer sem ser através da GSI? Eu entrar com uma reclamação no Supremo, porque a forma, em tese, o relator é o Gilmar Mendes”, diz a advogada.
Mas em seguida ela reflete que não seria uma boa estratégia, do ponto de vista da defesa.
Ramagem, que gravou a reunião, afirma que não é boa ideia envolver o GSI, porque os dados da Receita não poderiam ser acessados pelo GSI sem que isso gerasse suspeita de interferência política. Ramagem argumenta que não pegaria bem para Heleno.
“Politicamente, o general Heleno vai ser crucificado, como pessoalidade em prol do Flávio Bolsonaro. Acredito que não seja o melhor caminho”, diz o então diretor da Abin.
“Jeitinho”
Em outro ponto da reunião, o ex-presidente Jair Bolsonaro diz que não é pra ninguém achar que eles estão tentando dar um “jeitinho” na investigação. Veja a transcrição da PF:
Jair Bolsonaro: “[inaudível] Nenhuma pessoa aqui fez qualquer conversa pra ‘vamo dar um jeitinho’. Nada, nada, nada.”
Augusto Heleno: “Não tem essa conversa.”
Luciana Pires: “O diabo sabe o que a gente faz. O diabo [inaudível].”
Augusto Heleno: “[inaudível] Tem gente que fica triste é, que não tem esse tipo de conversa aqui.”