Nessa quarta-feira (26), por unanimidade, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal tornou Bolsonaro réu. Ao longo de dois dias de julgamento, o advogado de defesa do ex-presidente, Celso Vilardi, levantou a voz em defesa do ex-presidente.
“Precisamos ter liberdade de defesa, senão fica muito complicado”, declarou ele em sustentação oral, conforme registrado pelo Estadão, enquanto pedia a rejeição da denúncia.
Ele criticou o uso de trechos de diálogos como base da acusação, sem que a defesa tivesse acesso à íntegra das conversas periciadas pela Polícia Federal (PF).
“Estão no contexto? Fora dele? Há algo a mais ou a menos? Nós não sabemos”, completou, sugerindo que a falta de transparência ameaça o direito fundamental de defesa.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa Bolsonaro de liderar uma trama para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apoiada em depoimentos, mensagens e documentos.
Perfil
Coordenando a equipe jurídica de Jair Bolsonaro desde janeiro deste ano, o criminalista Celso Vilardi também tem em seu currículo a defesa de empresários investigados em operações como as operações Lava-Jato e Castelo de Areia. Além disso, representou o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares no caso do Mensalão e o empresário Eike Batista.
Formado em Direito e mestre em Direito Processual Penal pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Celso Vilardi é especialista em Teoria Geral do Processo. Já atuou como coordenador e, atualmente, é professor do curso de pós-graduação em Direito Penal Econômico na Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV Law).
Celso Vilardi integra a equipe de advogados que defendem os acusados de participação na suposta trama golpista. Representando Jair Bolsonaro, ele acompanhou o julgamento que decidiu tornar réu o ex-presidente. Antes de Vilardi, quem comandava a defesa de Bolsonaro era o advogado Paulo Cunha Bueno, que continua compondo o grupo de defensores do ex-presidente.
No entanto, a entrada de Vilardi no caso chegou a gerar desconfianças entre aliados de Bolsonaro. Antes de assumir a defesa do ex-presidente, ele chegou a conceder entrevistas elogiando as investigações da Polícia Federal. Em uma delas, disse considerar “indiscutível a existência de uma organização criminosa” e que havia “indícios consistentes contra as pessoas indiciadas”, inclusive contra Bolsonaro. Depois, passou a dizer que, ao conhecer o processo de forma integral, sua avaliação mudou. (Com informações do jornal O Globo e do portal Brasil Paralelo)