Sábado, 28 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 27 de dezembro de 2024
O advogado do general Braga Netto, José Luis Oliveira Lima, partiu para o ataque à delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, que implicou o seu cliente em um suposto plano de golpe de Estado para manter o ex-presidente no poder.
O defensor chamou Cid de “mentiroso contumaz” e defendeu uma acareação entre os dois militares. Ele ainda descartou a possibilidade de o general fechar uma colaboração premiada. “Ele não praticou crime algum. (…) Como é que pode dar credibilidade à uma fala de um sujeito que mentiu o tempo inteiro e estava desesperado”, afirmou Lima em entrevista à Globonews.
Braga Netto está preso preventivamente desde 7 de dezembro sob suspeita de ter atuado para atrapalhar as investigações sobre a trama golpista. No inquérito, o general foi indiciado pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
No último dia 24, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes negou o pedido da defesa para soltar Braga Netto. Segundo o magistrado, não havia fato novo que justificasse o afrouxamento da medida cautelar.
Em nota, a defesa de Braga Netto classificou a decisão como “previsível”, mas destacou que “não há nenhuma prova” que a fundamente.
“A decisão do Ministro de manter a custódia do General era previsível, apesar de a defesa entender que não há absolutamente nenhuma prova que justifique a sua prisão. Vamos aguardar o julgamento do agravo pela Turma”, afirmou Lima.
Delação premiada
A defesa de Braga Netto também comentou sobre a possibilidade de o ex-ministro do governo Jair Bolsonaro fazer uma delação premiada.
“A delação é um meio de defesa e tem que ser usada com critério, com apresentação de provas e por quem praticou um crime. No caso do general Braga Netto, ele não tem como utilizar deste meio de defesa da delação por um simples motivo: ele não praticou crime algum”, disse.
A PF usou conversas de Braga Netto por WhatsApp como pistas para identificar a suposta ação do general na trama golpista. Em um diálogo quatro dias antes do fim do governo Bolsonaro, o general prometeu cargo a indicado ‘se a gente continuar’.
“A colaboração premiada do Mauro Cid é uma peça fundamental que faz uma relação a todo relatório da polícia, portanto eu não tenho como entrar num detalhe de uma mensagem que pode estar completamente fora de contexto e aqui fazer uma linha de defesa técnica de uma prova e de um documento que eu não tive nenhum acesso”, afirmou o advogado de Braga Netto.