Quatro escritórios norte-americanos de advocacia anunciaram nesta segunda-feira, 28, que pretendem entrar com ações coletivas contra a Vale na Justiça dos Estados Unidos após as perdas causadas aos investidores pelo rompimento da barragem da mineradora em Brumadinho (MG), na sexta-feira, 25.
“A Rosen Law está preparando uma ação coletiva para recuperar as perdas sofridas pelos investidores da Vale”, afirma comunicado dos advogados enviado a investidores. O escritório afirma estar investigando se a mineradora brasileira pode ter “emitido ao público informações de negócios materialmente falsas”.
O escritório Tha Schall afirma estar investigando se a mineradora soltou “informações falsas e enganosas” aos investidores, que omitiam os riscos com a barragem e, por isso, burlam as regras do mercado acionário dos EUA.
Mais tarde, o Wolf Popper e o Bronstein, Gewirtz & Grossman anunciaram que pretendem abrir ação coletiva contra a Vale em Nova York.
Além das dezenas de mortos e do estragado ambiental, o comunicado do escritório ressalta que o American Depositary Receipt (ADR) da empresa – recibos de ações negociadas na Bolsa de Nova York – despencou após a notícias do acidente, caindo 8% na sexta e 16% na tarde desta segunda.
As ações ON da Vale também acumulavam perdas na tarde desta segunda na Bolsa de São Paulo, com queda de 23,92% às 15h47.
O ADR da Vale é nesta segunda-feira o papel mais negociado em toda a Bolsa de Nova York, com 84 milhões de negócios até as 14h45, superando grandes empresas americanas, como a General Eletric (40 milhões de negócios), PG&G (22 milhões) e Bank of America (21 milhões).
A Vale já foi alvo de dois processos semelhantes nos EUA em 2015 após o rompimento de barragem da Samarco em Mariana (MG). Na sexta-feira, analistas já haviam alertado o Estadão/Broadcast do risco de a companhia ser processado novamente nos EUA por causa do acidente.
Perdas da Vale
A tragédia que deixou até agora 121 mortos e 226 desaparecidos em Brumadinho, Minas Gerais, não resultará apenas em perdas bilionárias para a Vale. Deixou também sequelas na imagem de uma das empresas mais importantes do País. Pela segunda vez em pouco mais de três anos, a mineradora está no centro de um grave incidente. No fim de 2015, o rompimento da barragem de Fundão, da sua controlada Samarco, deixou 19 mortos em Mariana, em Minas Gerais.
No mercado financeiro, os estragos estão sendo contabilizados. A companhia perdeu R$ 51 bilhões em valor de mercado desde 25 de janeiro, data do acidente, até a sexta-feira (1º), segundo a Economatica. As principais agências de classificação de risco já pioraram a sua avaliação sobre a empresa: a Fitch rebaixou a nota de crédito da companhia, enquanto a Moody’s e a Standard & Poor’s colocaram o rating em observação negativa.