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Por Redação O Sul | 24 de maio de 2017
Velhas raposas políticas mineiras, Magalhães Pinto e Tancredo Neves cochichavam quando conversavam em público. Aécio Neves (PSDB-MG), neto de Tancredo, caiu em desgraça por fazer inconfidências gravadas pelo delator Joesley Batista, da JBS.
A prisão de Andrea Neves encerra um ciclo de poder do senador mineiro. A julgar pela influência dela nas administrações tucanas em Minas, a força-tarefa da Lava Jato deve apostar numa delação premiada da irmã do senador.
Quando Aécio foi governador (2003-2010), “um naco significativo do poder no Estado, talvez até mesmo excepcional, esteve nas mãos de Andrea”, diz o jornalista Lucas Figueiredo em seu blog.
Em 2004, o Sindicato dos Jornalistas de Minas atribuiu a Andrea o afastamento de alguns jornalistas. Ela afirmou, na ocasião, que “o governo jamais pediu a cabeça de qualquer jornalista e nunca interferiu na linha editorial dos veículos de comunicação”.
Se o mensalão tucano tivesse merecido a mesma atenção que recebeu o mensalão petista, os desdobramentos dos dois episódios não chegariam à crise atual. Na sentença que condenou o ex-governador mineiro Eduardo Azeredo (PSDB), em 2015, a juíza Melissa Pinheiro Costa Lage registrou que o mensalão petista talvez pudesse ter sido evitado “se os fatos aqui tratados tivessem sido a fundo investigados quando da denúncia formalizada pela coligação adversária perante a Justiça Eleitoral” (A coligação citada foi do ex-presidente Itamar Franco). A campanha frustrada à reeleição de Azeredo, em 1998, foi alimentada com recursos de três empresas estatais.
Os advogados de Aécio e Andrea alegam que operações de caráter privado foram usadas pelo delator da JBS para obter benefício. Caberá à Justiça definir a responsabilidade dos irmãos Neves.