Sexta-feira, 10 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 12 de dezembro de 2017
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou terapia inédita para a dermatite atópica, um tipo de inflamação crônica de pele comum com pessoas com tendência a desenvolver alergias. Trata-se do Dupixent (dupilumabe), que faz parte da classe dos medicamentos biológicos. Essas drogas são feitas a partir de organismos vivos geneticamente modificados para produzir o princípio ativo do remédio.
No caso do dupilumabe, a droga é um anticorpo monoclonal, um clone da célula de defesa humana alterada para inibir a ação de substâncias envolvidas no desenvolvimento da doença. A aprovação da substância foi divulgada pela Anvisa e o registro foi dado à empresa francesa Sanofi-Aventis.
O medicamento foi aprovado no final de setembro nos Estados Unidos e em julho desse ano na Europa. As irritações de pele provocadas pela dermatite atópica costumam aparecer atrás dos joelhos, na parte frontal dos cotovelos, nas mãos e nos braços. A droga é voltada para casos mais graves da doença em adultos.
Prevalência e cuidados preventivos
Segundo o Censo da Sociedade Brasileira de Dermatologia, a dermatite atópica é a 11ª doença dermatológica mais comum na população brasileira, com ocorrência de 2,4% considerando todas as faixas etárias. Entre as crianças até 14 anos, a prevalência é de 13,7%, e entre pessoas de 15 e 39 anos, de 1,2%4.
Mesmo quando não há lesões, a pele do paciente com dermatite atópica, apresenta uma inflamação persistente em suas camadas mais profundas. A doença não tem cura, mas exige controle, por isso, algumas medidas gerais de cuidado podem contribuir para reduzir o aparecimento dos sintomas, como a manutenção da pele sempre hidratada, banhos rápidos e com água morna e uso de produtos de higiene neutros. É importante também que os pacientes consultem o médico com regularidade para verificar o tratamento mais adequado.
Estudos clínicos
A segurança e a eficácia de dupilumabe foram estabelecidas em três ensaios clínicos que demonstraram significativa redução das lesões e da coceira ainda no primeiro mês de tratamento. Os estudos que fundamentaram a decisão da Anvisa analisaram os efeitos da medicação em 2.119 pacientes com dermatite atópica moderada a grave, comparada ao placebo.
Pacientes tratados com dupilumabe relataram melhora nos sintomas, incluindo coceira (sintoma considerado o mais importante pelos pacientes), com apenas uma semana de tratamento. Após quatro semanas, 2 a cada 3 pacientes atingiram melhora de 75% das lesões na pele em relação ao início do tratamento (EASI 75 – Eczema Area and Severity Index). Esse índice é mantido também para o tratamento no longo prazo, considerando 52 semanas, ou seja, um ano.
Sinais de ansiedade e depressão estão presentes em 51% dos pacientes com a doença. Além disso, 55% das pessoas acometidas com dermatite atópica relatam ter dificuldade para domir 5 ou mais noites por semana e 77% relatam que a doença interfere na sua produtividade.