Sábado, 30 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 8 de setembro de 2020
Uma semana após a divulgação do tombo recorde de 9,7% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, as agências de classificação de risco apontam que a recessão deverá ser menos severa do que chegaram a estimar os economistas.
Dados melhores que o esperado e a gradual reabertura da economia levaram a Fitch Ratings a revisar sua estimativa para a economia brasileira este ano para uma queda de 5,8% – a estimativa anterior era de contração de 7%. Ao mesmo tempo, a agência reduziu a estimativa para o crescimento de 2021, de 3,5% para 3,2%, aponta o Valor Online.
A Moody’s, por sua vez, avaliou nesta terça-feira (8) que a contração econômica do Brasil atingiu o piso, mas afirmou ver um impacto fiscal maior e a dívida bruta aumentando para 95% do PIB, de 76% em 2019. Na análise da agência, uma recuperação dos indicadores de atividade econômica sugere que a recessão será menos severa que a prevista por investidores, em linha com suas projeções.
A Moody´s vê retração do PIB em 2020 de 6,2%, ressaltando a incerteza em relação à retomada da atividade no restante do ano. Para 2021 a projeção da agência é de expansão de 3,6%. A partir daí, a expectativa é de que o crescimento se estabilize em torno de 2,5% em 2022-23.
A agência estima que o déficit fiscal do país atingirá 14,7% do PIB em 2020, enquanto a dívida do governo deverá se aproximar de 95% em 2021.
“A retomada da consolidação fiscal, como indica o Orçamento, daria apoio à qualidade de crédito do Brasil, embora uma proposta de ampliação do gasto social seja um risco de elevação de despesas”, afirmou a Moody´s Investors Service em nota, de acordo com a Reuters.
Entre os riscos para suas novas projeções estão um eventual aumento dos casos de coronavírus, que leve a uma interrupção do processo de reabertura ou a retomada de medidas de isolamento em alguns locais. As incertezas relacionadas à política fiscal também são um risco.
Em 2021, o crescimento deve ser influenciado pela baixa base de comparação e a melhora das condições externas, notavelmente a recuperação da economia da China. Mas a necessidade de ajuste fiscal, a alta taxa de desemprego e as incertezas relacionadas às reformas estruturais são um freio ao crescimento, diz a Fitch.
A Moody´s, que classifica a nota do Brasil como Ba2, com perspectiva estável, destacou ainda que a dinâmica política apresenta alguns riscos à consolidação fiscal e às reformas para estimular o crescimento. Mas a agência destacou que a proposta do governo de unificar dois impostos federais e os esforços para avançar com a reforma administrativa sinalizam compromisso com as reformas estruturais.
“As perspectivas para a nota de crédito do país vão depender do ritmo e grau de recuperação econômica e consolidação fiscal”, completou a Moody’s.
Para a agência, riscos políticos e pressão para ampliar os programas sociais para além de 2020 ainda representam um risco material para o teto de gastos em 2021 e depois. A Moody’s avaliou que romper esse limite pode fazer com que a dívida do governo continue a subir, o que pressionará a nota de crédito do Brasil.