Domingo, 09 de março de 2025
Por Redação O Sul | 15 de novembro de 2024
A agenda econômica do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, corre o risco de trazer de volta a inflação para a maior economia do mundo e prejudicar o crescimento econômico global, disse o presidente do banco central francês e membro do Banco Central Europeu, Francois Villeroy de Galhau, na quarta-feira.
“O programa corre o risco de trazer de volta a inflação para os Estados Unidos”, disse Villeroy à rádio France Inter. “Ele corre o risco de reduzir um pouco o crescimento em todo o mundo. Resta saber se a redução será sentida mais nos Estados Unidos, na China ou na Europa.”
Trump tem repetido a ideia de impor uma tarifa de 10% ou mais sobre todos os produtos importados pelos EUA, o que, segundo ele, eliminaria o déficit comercial do país.
Mas Villeroy previu que os consumidores norte-americanos sofreriam o impacto de muitas das tarifas. “O protecionismo quase sempre significa redução do poder de compra para os consumidores”, disse Villeroy.
Brasil
Em outra frente, o presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, afirmou na quinta-feira que a economia brasileira deve ser menos afetada pela eleição de Donald Trump nos Estados Unidos do que outros países emergentes.
De saída do cargo nas próximas semanas, o chefe da autoridade monetária destacou que, embora um dólar mais forte impacte os mercados emergentes, o Brasil está relativamente distante das questões que afetam diretamente países como China e México, especialmente no contexto das políticas comerciais e imigratórias.
“Eu fiz o alerta no Banco Central de que não achava que todos os países iam reagir da mesma forma. Você tem a questão da China, do México, por causa do Nafta, mas o Brasil está muito distante disso”, afirmou o presidente do BC. “Claro, se você tem um dólar forte, isso afeta todos os mercados emergentes, mas minha visão é de que o Brasil será menos afetado.”
Campos Neto participou no início da tarde, por videoconferência, do painel The Future of Brazil (O Futuro do Brasil) durante o 12º Annual Summit do Valor Capital Group.
O presidente do BC ressaltou que as principais políticas prometidas por Trump para imigração, fiscal e comércio exterior trazem uma perspectiva inflacionária para os Estados Unidos, o que foi amplamente debatido às vésperas da eleição americana.
Sobre a política fiscal brasileira, o presidente do BC alertou que o aumento de gastos sociais eleva o prêmio de risco (o retorno que investidores exigem para investir em ativos mais arriscados), o que, por sua vez, leva a uma política fiscal mais contracionista e a menos crescimento.
“Eventualmente, você atinge um ponto em que temos um prêmio de risco tão alto que, ao diminuí-lo, temos uma chance mais alta de expansão das condições financeiras”, afirmou o presidente do BC.
Campos Neto ressaltou que, após a crise da covid-19, o Brasil saiu com uma dívida e taxa de juros mais altas, aumentando o custo de rolagem da dívida e gerando efeitos cumulativos no mercado.
Sobre os seis anos à frente do BC, ele destacou a autonomia da instituição e avanço na agenda digital como marcos relevantes. As informações são da agência de notícias Reuters e do jornal O Globo.