Terça-feira, 08 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 26 de março de 2021
Apesar de o Rio passar por seu pior momento desde o início da pandemia, segundo a prefeitura, o primeiro dia do feriadão adotado para tentar conter os números alarmantes de casos de covid-19 foi marcado por ruas cheias, ônibus lotados e até uma manifestação.
Especialistas alertam que, sem ajuda da população, medidas de restrição podem não surtir efeito. Algumas lojas da capital estão tentando driblar as restrições impostas pela prefeitura, que só liberou o funcionamento de serviços essenciais no período.
Em Botafogo, na Zona Sul, as ruas amanheceram movimentadas. A circulação de pessoas, algumas inclusive sem máscaras, subiu 21%, de acordo com dados do levantamento feito semanalmente pela empresa de inteligência artificial Cyberlabs, a partir das imagens das câmeras do Centro de Operações Rio (COR). A metodologia leva em consideração a quantidade de pessoas nas ruas em relação a uma sexta-feira normal, antes da pandemia do coronavírus.
“Tem menos gente na rua, mas não o quanto eu esperava. Eu mesmo só saí de casa para comprar um remédio. Estou me cuidando. Tive familiares que pegaram covid-19 e sei o que é isso”, disse o jornalista Francisco Teixeira, de 67 anos.
O número de pessoas nas vias do bairro também foi considerado alto pela advogada Josélia de Araújo, de 63 anos:
“Não vi tanta diferença dos outros dias. Está quase a mesma coisa. Há muita gente na rua”, disse.
A maior parte do comércio ficou fechada. A exceção foram serviços considerados essenciais como mercados, farmácias, padarias e postos de gasolina. Lanchonetes abriram para fazer entregas, o que é permitido pela prefeitura.
Manifestação
Em Copacabana, um grupo de pessoas realizou uma manifestação contra as medidas de restrição na cidade. Muitas estavam sem máscara. Eles andaram pela orla do bairro, que também registrou movimento nas areias da praia.
Restrições
As restrições anunciadas pela prefeitura e o governo contra o covid-19 entraram em vigor nesta sexta. A prefeitura montou três barreiras sanitárias (uma na Linha Amarela, na altura da saída 4, sentido Barra da Tijuca; uma segunda no Trevo das Missões; e outra na Avenida das Américas, na Grota Funda, no sentindo Barra da Tijuca) para evitar que ônibus ou vans, que não são de linhas convencionais, entrem na cidade durante o período do recesso.
Os dez dias de combate à covid-19, que vão até 4 de abril, Domingo de Páscoa, terão duas frentes importantes. Uma delas é um grande esforço para esvaziar as ruas do Rio no período, que, embora tenha sido chamado de feriadão, é na verdade um recesso forçado para combater o avanço do coronavírus.
A outra é uma tentativa de reduzir a fila para UTIs no Estado que na quinta-feira superou a marca de 600 pacientes — a maior desde o início da pandemia —, não só diminuindo a circulação de pessoas, mas também abrindo novos leitos hospitalares.
O Rio registrou na última semana o seu pior momento desde o início da pandemia de covid-19. De acordo com declaração do secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, atualmente são 663 pessoas internadas em leitos de CTI. A mortalidade nas UTIs da cidade chega a 40%, acrescentou o secretário.
De acordo com o subsecretário de Vigilância Epidemiológica, Márcio Garcia, há um crescimento de casos das novas cepas da doença na cidade. Em uma semana, segundo Garcia, triplicou o número nos diagnósticos laboratoriais por covid-19, a maior parte da variante P1.