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Emílio Papaléo Zin Agressão à inteligência

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O presidente do Partido Liberal pediu a anulação de 470 mil urnas eletrônicas do 2º turno da eleição presidencial. (Foto: Reprodução)

Bolsonaro tanto lidou e insistiu que Valdemar Costa Neto, o presidente do Partido Liberal (PL), ingressou com um pedido de anulação de 470 mil urnas eletrônicas do segundo turno da eleição presidencial, com as alegações mais pueris.

Está bem claro hoje que Costa Neto – essa lenda viva da picaretagem política – não queria nenhuma ação judicial. Ele tinha duas boas razões: uma, ele sempre soube que no sistema eleitoral brasileiro e nas urnas eletrônicas não havia nada a questionar; e outra, sendo ele a assinar a petição, acabaria por sofrer possíveis consequências. Mas não teve peito para confrontar Bolsonaro e entrou com o pedido junto ao TSE.

Costa Neto deve ter notado que ele estava diante de uma situação sui-generis, de efeitos devastadores e de argumentos insustentáveis – agressões à inteligência da nação. Em essência a inacreditável postulação não apenas pretendia desconstituir a vontade nacional nas urnas, mas afastar Lula no tapetão, resultando na reeleição de quem perdeu.

O notório sr. Costa Neto nem notou que o pedido deveria, então, alcançar também as eleições de primeiro turno, uma vez que as urnas anuláveis eram exatamente as mesmas. Mas neste caso mais do que a metade dos parlamentares do partido perderiam os respectivos mandatos. O ministro Alexandre de Moraes pode ser tudo, menos burro. E na hora repeliu o truque babaca e infantil.

Pouca gente notou o disparate, o despautério. Ninguém em sã consciência se atreveria a apresentar um tal pedido. Mas desde que Bolsonaro assumiu em 2019 a lógica, o senso comum e o pensamento racional foi varrido do mapa e quase nos acostumamos com o desvario geral.

Por essa via sombria e tortuosa, passou o besteirol de que vacina não funciona, urnas eletrônicas se prestam à fraude, o Brasil está às vésperas de se tornar comunista, está na ordem do dia a legalização do aborto e do uso de drogas, o fechamento de igrejas e a perseguição dos cristãos, e que a população precisa se armar “para defender a liberdade”.

Assim também prosperou a ideia, patrocinada por uma empresa privada paga pelo Partido Liberal (com dinheiro do fundo partidário, portanto público) de que 479 mil urnas eletrônicas apresentavam um defeito supostamente insanável, e cujo efeito – não por coincidência – seria nada menos do que transformar em vencedor do pleito aquele que havia chegado em segundo lugar.

As “falhas” detectadas pela empresa de encomenda nada tinham de insanáveis. A alegada falta de um identificador capaz de associar cada boletim de votação a uma urna específica já existia – o número de carga. O procedimento de ligar tal boletim de votação a tal urna seria resolvida por um ginasiano de informática em menos de um minuto.

Os técnicos do TSE, secundados por analistas qualificados e independentes, demoliram os fundamentos da ação de Costa Neto e do PL. E que mais poderiam fazer diante da inqualificável bravata, de anular 67 milhões de votos de uma eleição presidencial e passar o mais votado para segundo lugar, tudo isso numa só canetada?

Depois ficam chorando pelos cantos, reclamando de Alexandre de Moraes e do TSE.

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