Uma confusão no gramado durante o duelo de volta entre Juventude e Grêmio pelas semifinais do Campeonato Gaúcho, na tarde de sábado (28), chegou à esfera policial. O meia Ênio, da equipe alviverde da Serra, registrou boletim de ocorrência (B.O.) em uma delegacia de Caxias do Sul (sede da partida), contra o técnico Gustavo Quinteros, do Tricolor, por agressão.
Em seu depoimento, o atleta relata ter sido atacado no rosto pelo treinador argentino naturalizado boliviano, durante bate-boca generalizado. O motivo do desentendimento foi a confirmação do gol do time visitante, aos 51 minutos do segundo tempo, quando o anfitrião vencia por 2 a 0, encaminhando até então sua vagas na decisão do torneio estadual.
O Juventude reivindicava ao juiz a invalidação do lance, por suposta falta do gremista Gustavo Martins ao marcar o gol de “bicicleta”: juntamente com a bola, ele teria acertado de raspão com a chuteira a cabeça do adversário Mandaca. Árbitro da partida, Anderson Daronco chegou a consultar o VAR, mas não viu lance de “pé alto”.
Com o placar agregado dos dois confrontos (derrota do Juventude por 2 a 1 na Arena e vitória pelo mesmo placar no Alfredo Jaconi), a vaga na decisão do campeonato acabaria decidida nos pênaltis, com o Grêmio avançando às finais.
A polêmica acirrou os ânimos em campo, incluindo discussões e troca de empurrões entre boa parte dos dois times. Quinteros acabou recebendo cartão vermelho pela invasão de campo, punição que o deixa automaticamente de fora do primeiro Grenal decisivo do Gauchão, domingo que vem (9), na Arena – ele deve ser alvo de denúncia, nesta semana, pelo Tribunal de Justiça Desportiva do Rio Grande do Sul (TJD-RS).
Defesa
Em entrevista pós-jogo, Gustavo Quinteros refutou que tenha agredido o meia Ênio. Sua alegação aos repórteres: “Fui falar com o árbitro e o jogador do Juventude me segurou pelo braço. Tirei de cima, ele continuou segurando, tirei de novo, já com mais força, e ele simplesmente acabou acertando em si mesmo enquanto eu tentava me desvencilhar”.
O comandante gremista (que chegou ao clube no início de janeiro, em substituição a Renato Portaluppi) também disse ter conversado com o próprio meia do Juventude após o tumulto. “Expliquei mais de uma vez ao atleta que não tive intenção de agredir ninguém, e ele entendeu”, afirmou Quinteros. Até a noite desse domingo (2), Ênio não havia feito declarações públicas sobre o caso.
Uma declaração pós-jogo colocou ainda mais lenha na fogueira. Júlio Rondinelli, diretor-executivo do Juventude e que estava próximo de onde se deu o incidente, preconizou um revide:
“O cara não pode agredir um atleta, como ele também não pode ser agredido. Mas a partir do momento que ele agrediu, merecia ter tomado um soco na cara. Sei que agressão não leva a lugar algum, mas a partir do momento que você agride, você merece ser agredido. Então, que ele repense a conduta dele, um professor, um comandante, um cara que representa uma nação gigante como a do Grêmio. Vem ao Brasil fazer o trabalho dele e agrede um atleta? Isso abre um precedente um pouco arriscado…”.