Sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 22 de julho de 2019
A cena que mais circulou nas redes sociais após o final do Grenal 421, terminado em empate em 1 a 1, não foram os lances do jogo, mas sim o que foi flagrado após o final da partida, realizada no sábado (20).
As câmeras de transmissão do jogo flagraram alguns torcedores do Inter tomando a camisa do Grêmio de um garoto e de sua mãe na arquibancada. Essas imagens também ganharam as redes sociais e mostram a criança aos prantos, além de uma mulher, mais exaltada, com o cachecol da torcida antifascista do Inter. Torcida essa que declara “atuar no estádio e fora dele, apoiando as lutas sociais contra a exploração e a opressão em suas diversas formas”.
Os seguranças do estádio agiram para controlar a situação na zona do estádio chamada de “torcida mista”, em que os torcedores de ambos os times ficam lado a lado.
A imagem rodou as redes sociais rapidamente e mensagens de repúdio às ações dos colorados vieram de ambos os lados.
Os jogadores do Grêmio, Everton e Jean Pyerre, pediram ajuda para entrar em contato com o menino que aparece nas imagens e para prestar solidariedade à família.
O Departamento de Torcedor Gremista entrou em contato com a torcedora após o acontecimento.
O Internacional afirmou que “o segurança agiu para evitar que a torcedora e a criança sofressem constrangimento maior. A camisa recolhida foi entregue pelo servidor ao menino após eles deixarem o estádio em segurança”.
Tal episódio deve levar o Internacional ao STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) de novo e pelo mesmo motivo. O procurador-geral Felipe Bevilacqua disse que as imagens devem ser analisadas e, caso fique contatado que não se tratou de um caso isolado, o clube pode ser enquadrado por infração ao artigo 191 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que, no inciso 3, fala da obrigação do clube de garantir e zelar pela segurança de todos como mandante da partida. A pena pelo não cumprimento é de multa de até R$ 100 mil.
Na última quarta-feira (17), em razão da tentativa de invasão de campo de alguns dirigentes do Inter no jogo com o Palmeiras, pelas quartas de final da Copa do Brasil, o clube já terá que se defender no tribunal e pode ser enquadrado no mesmo artigo 191. Mas como são episódios que aconteceram em partidas distintas, “não devem ser objeto de uma denúncia só”, informa Felipe Bevilacqua.
Na manhã deste domingo (22), o presidente do Inter, Marcelo Medeiros, se manifestou sobre o ocorrido.
“Lamentamos o triste episódio ocorrido ao final do clássico Gre-Nal. No mínimo, não houve bom senso e compostura dos adultos envolvidos em preservar uma criança diante do momento. Para abrandar a situação tensa, o funcionário do clube conduziu a retirada da mãe e da criança com segurança até a saída do estádio, devolvendo a camisa”, escreveu em seu Twitter.
“O clube está realizando a checagem das imagens para verificar todo o episódio. Assim, tomará as medidas cabíveis para eventuais punições tanto a torcedores quanto a funcionários da casa, conforme estatuto”, continuou.
“O Internacional, como Clube do Povo, tem tradição de receber todos e todas. A festa do futebol deve ser sempre exemplo de garra e disputa, mas, acima de tudo, de respeito. As futuras gerações esperam isso de todos nós”, completou.
Apoio
O Grêmio, através do seu supervisor do departamento do torcedor, Thiago Floriano, afirmou que o clube está em contato com a mulher que se envolveu na confusão de sábado após o término do Grenal. Ainda se recuperando do ocorrido, ela prefere, nesse momento, não conceder entrevistas.
“A ideia é preservar a criança que ficou muito assustada com o fato. O Grêmio vai manter contato para ajudá-la a lidar da forma mais saudável possível com a situação”, comentou.