Por Redação O Sul | 13 de fevereiro de 2025
A água com gás é uma bebida geralmente escolhida por pessoas que tentam evitar o consumo de infusões açucaradas, mas que, ao mesmo tempo, buscam aquela sensação de borbulhamento na boca. Em muitos casos, seu consumo gera divergências e levanta algumas dúvidas: quão saudável é a gaseificação? Quais são os efeitos das bolhas no organismo? A água com gás hidrata?
Em relação à sua composição, trata-se de uma bebida que não contém calorias nem açúcar. Quanto aos minerais, o médico clínico Raúl Mejía, chefe do Departamento de Medicina Ambulatorial do Hospital de Clínicas, em Buenos Aires, comenta que sua presença dependerá da água utilizada na fabricação ou dos minerais adicionados, assim como ocorre com qualquer água mineral. Nesse caso, ela pode conter cálcio, sódio e magnésio, benéficos para o organismo.
Sobre isso, Silvina Tasat, nutricionista, explica que esse tipo de água é chamado de carbonatada e é produzido a partir de um processo bioquímico no qual se adiciona dióxido de carbono, em quantidade adequada para que o corpo tolere bem, a uma garrafa de água. Ao abri-la, a pressão gera as famosas bolhas. Segundo o portal Medical News Today, como a água com gás não contém adoçantes, açúcares nem aromatizantes artificiais, ela é considerada muito mais saudável do que qualquer outro tipo de refrigerante. E, para esclarecer dúvidas, o portal afirma: “Hidrata da mesma maneira que a água mineral.”
O precursor dessa bebida foi o cientista e teólogo britânico Joseph Priestley, que a descobriu por acidente em 1767, ao esquecer um pouco de água em um recipiente de cerveja durante o processo de fermentação. Os gases produzidos criaram na água aquele efeito borbulhante. Essa descoberta foi retomada no final do século XVIII pelo empresário alemão Johann Jacob Schweppe, que a usou como referência para fabricar água mineral carbonatada, dando origem ao seu empreendimento: a Schweppes, que hoje tem presença mundial.
Água com gás: os efeitos na saúde
— Ao contrário do que se possa pensar, os componentes da água gaseificada são semelhantes aos da água mineral e, portanto, têm o mesmo poder de hidratação — diz Yael Hasbani, coach de saúde e especialista em Nutrição Holística.
No entanto, a gaseificação traz algumas vantagens para o sistema digestivo.
— Esse gás aumenta os movimentos peristálticos do abdômen, promove a digestão e ajuda a reduzir a constipação intestinal — explica Hasbani.
Por essa razão, diz a especialista, a água com gás tem um efeito benéfico para pessoas com digestão lenta. Hasbani recomenda seu consumo durante ou após uma refeição pesada, por exemplo.
— Além disso, o efeito borbulhante proporciona uma sensação de saciedade e faz com que a pessoa se sinta satisfeita, sem apetite — diz Silvina Tasat.
Hasbani complementa que, para quem está tentando perder peso, às vezes recomenda-se beber água com gás. No entanto, diferentemente da água mineral, cujo consumo não tem restrições, especialistas consultados alertam que pessoas com problemas gástricos, como hérnia de hiato, úlceras ou refluxo gastroesofágico, devem evitá-la.
— O gás pode agravar esses quadros — ressalta Raúl Mejía.
Por outro lado, um relatório do portal Medical News Today sugere que a água com gás pode estimular o aumento da grelina, hormônio responsável por gerar a sensação de fome. No entanto, esclarecem que os estudos sobre esse efeito ainda não foram totalmente comprovados em humanos, apenas em animais.
Caso contenha minerais, especialmente cálcio e magnésio, a água com gás pode contribuir para a saúde óssea e dentária. Sobre isso, Hasbani explica que esses nutrientes fortalecem e mantêm os ossos e dentes saudáveis, além de “ajudarem na contração muscular”.
— Para que a dentição esteja totalmente protegida e não sofra erosão devido ao ácido que a água gaseificada possa conter, é necessário que também tenha flúor — ela acrescenta. — Isso varia conforme a marca, algumas contêm, outras não.
Por fim, e igualmente importante, esse tipo de água também está associado a benefícios cardiovasculares.
— O magnésio é um mineral que influencia a dilatação dos vasos sanguíneos, regulando assim a pressão arterial e reduzindo os riscos de desenvolver doenças cardíacas — afirma Hasbani. — Já o cálcio ajuda a manter o ritmo cardíaco estável.
Mas há mais. As vantagens dos alimentos ou bebidas “pungentes” – como a água com gás – não se limitam apenas ao bem-estar físico. De acordo com um relatório do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (Conicet) da Argentina, elementos como a gaseificação “intensificam e tornam mais agradável o sabor de qualquer produto comestível, provocando sensações ‘extras’ ou adicionais, diferentes do gosto e do aroma básicos”. Conforme explicam, “essas sensações são percebidas nas mucosas gustativas e olfativas, mas, ao contrário desses dois sentidos químicos puros, a ‘pungência’ é captada por terminações nervosas livres localizadas nas camadas mais profundas das mucosas, ascendendo pelo nervo trigêmeo até chegar ao córtex cerebral”. As informações são do portal O Globo.
