Os passageiros que estavam a bordo de um avião da Alaska Airlines que ejetou uma das portas a cinco mil metros de altitude receberam um e-mail da companhia aérea, horas depois, com a oferta de reembolso e mais US$ 1,5 mil (equivalente a R$ 7,3 mil, na cotação atual) “para ajudar com qualquer inconveniência”.
A informação é do jornal Washington Post, que citou a oferta de serviços de saúde mental e sessões de terapia online, além da compensação financeira. Depois que a porta abriu em pleno voo, a tripulação fez um pouso de emergência em Portland, no estado de Oregon. Nenhum dos 177 passageiros do avião, que seguia para Ontario, no Canadá, ficou ferido.
Alguns passageiros questionaram o valor da compensação e citaram possíveis efeitos do “susto” a longo prazo.
“Como eles calculam essas coisas? Como chega a 1.500 dólares?”, perguntou Nicholas Hoch, que estava a bordo e teme consequências para a sua saúde mental nos próximos meses. “Eu e todos os outros passageiros deveríamos ter voz na forma como isso é calculado”. Ela disse, ainda, que estuda tomar medidas judiciais contra a empresa.
Transparência
O diretor-executivo da Boeing, Dave Calhoun, assumiu a responsabilidade pelo incidente quase catastrófico e prometeu “transparência completa”, no momento em que a gigante da aviação tenta sair de sua última crise.
“Vamos abordar isso, primeiramente, reconhecendo nosso erro”, disse Calhoun aos funcionários da Boeing em uma reunião com toda a empresa na fábrica do 737, perto de Seattle. “Vamos abordar isso em 100% e com transparência completa em cada etapa do processo”, garantiu, segurando as lágrimas.
Ele e outros líderes seniores da Boeing se dirigiram aos funcionários da fábrica de Renton, Washington, onde o 737 é montado, e transmitiram seus comentários pela Internet para os funcionários de outros locais.
“Quando eu recebi aquela foto, tudo o que eu pude pensar sobre foi: não sei o que aconteceu, mas alguém poderia estar no assento próximo àquele buraco no avião. Tenho filhos, tenho netos e vocês também”, disse ele ao se lembrar das fotos da fuselagem danificada do avião. “Essas coisas são importantes. Cada detalhe é importante.”
Segundo uma fonte ouvida pela CNN, o executivo lembrou aos empregados da gravidade da situação e reforçou sua confiança na Boeing, no avião e nos empregados da empresa. Ele informou que o diretor de Segurança Aerospecial, Mike Delaney, assumiria o comando da área relacionada à toda a frota 737 Max.
Calhoun, que assumiu a Boeing em janeiro de 2020 quando a companhia estava abalada depois de dois acidentes fatais com o 737 Max, prometeu trabalhar com o Conselho Nacional de Segurança de Transportes dos EUA (NTSB na sigla em inglês), que está investigando o incidente.
Perícia
Ainda segundo a CNN, uma fonte da empresa disse que a Boeing acredita que “o erro em questão” foi introduzido na cadeia de suprimentos de fabricação da aeronave, mas não ficou imediatamente claro se Calhoun identificou algum erro específico durante a apresentação.
O CEO da Boeing Commercial Airplanes, Stan Deal, encarregado de aumentar a produção e, ao mesmo tempo, manter a qualidade na maior unidade da Boeing, esteve ao lado de Calhoun durante a reunião.
Os órgãos reguladores dos EUA, juntamente com a Administração Federal de Aviação, suspenderam 171 aeronaves 737 MAX 9 com a mesma configuração da aeronave da Alaska Airlines.
Na segunda-feira, as companhias aéreas americanas United e Alaska Airlines informaram ter encontrado “componentes soltos” em algumas de suas aeronaves Boeing 737 MAX 9 durante inspeções preliminares.
O painel afetado, um plugue de porta, é usado para preencher uma saída de emergência desnecessária nos aviões. Os investigadores do NTSB sugeriram que a peça não estava encaixada corretamente.
A Administração Federal de Aviação disse que ainda estava trabalhando com a Boeing para finalizar as instruções detalhadas de inspeção para as aeronaves em solo.
“Eles têm tido problemas de controle de qualidade há muito tempo, e essa é apenas mais uma manifestação disso”, disse Clark em uma entrevista esta semana em Dubai. “Acho que eles estão se organizando agora, mas isso não ajuda.”