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Por Redação O Sul | 10 de dezembro de 2019
Alberto Fernández e Cristina Kirchner tomaram posse como presidente e vice no Congresso argentino
Foto: Reprodução/Câmara dos DeputadosAlberto Fernández, que foi eleito presidente da Argentina no fim de outubro, tomou posse formalmente nesta terça-feira (10) em Buenos Aires. Além dele, Cristina Kirchner assumiu seu novo cargo como vice-presidente – foi ela que escolheu Fernández como cabeça de chapa para concorrer nas eleições deste ano.
A cerimônia começou quando Fernández recebeu uma escolta em sua casa, no bairro de Puerto Madero e dirigiu seu próprio carro até o Congresso. No prédio do Congresso, a primeira a falar foi a vice-presidente do governo de partida, Gabriela Michetti. O novo presidente da Câmara, Sergio Massa, içou uma bandeira argentina e os nomes dos deputados e senadores foram anunciados.
Fernández e Cristina Kirchner assinaram um livro de honra e foram para a Câmara dos Deputados para serem juramentados por Michetti. Ele prestou juramento, no qual disse que vai observar a Constituição do país. Foi seguido por Cristina, que também pronunciou as palavras sobre suas obrigações.
Quando Mauricio Macri entrou no Congresso, parte dos presentes no Congresso começaram a cantar a marcha peronista (movimento político ao qual a chapa vencedora pertence). Fernández então recebeu a faixa e o bastão presidenciais de Macri.
Cristina Kirchner convidou Fernández a fazer seu primeiro discurso. Fernández, ao fazer seu discurso, disse que o dia 10 de dezembro marca o fim da ditadura – o primeiro presidente civil, Raul Alfonsin, assumiu nessa data de 1983.
“As debilidades e insuficiências da democracia só se resolvem com mais democracia”, e reivindicou seu compromisso democrático e afirmou que vai respeitar as diferenças e os dissensos.
Ele também falou que propõe um “novo contrato social”, e disse que há uma emergência social no país. O “espírito do momento”, é de sobriedade nas palavras e comedimento nos atos, discursou.
O novo presidente disse que é preciso superar muros “emocionais” e, em um sinal para diminuir a polarização, disse que é preciso fechar feridas abertas e falou do “sonho de uma Argentina unida”, e citou Néstor Kirchner, marido falecido de Cristina.
“Mais de 15 milhões sofrem de insegurança alimentar, e o país é um dos maiores produtores de comida do mundo”, disse, e afirmou que “sem pão não há democracia e nem liberdade”. A fome, disse ele, será o primeiro problema que ele vai tentar resolver.
Representantes da iniciativa privada e de trabalhadores serão convocados para ajudar, segundo ele. Ele citou os problemas econômicos, como a inflação, a desvalorização do câmbio, a recessão, a queda do PIB (Produto Interno Bruto) per capta, a alta da taxa de pobreza, o número de indigentes, a dívida pública em relação à economia, o nível de produção industrial, o emprego no setor e outros.
Ele anunciou que não levarão em conta o orçamento que Macri havia proposto. Um orçamento adequado só pode ser feito depois de uma negociação da dívida, afirmou. O país precisará crescer economicamente para poder honrar seus compromissos com seus credores, afirmou.
Brasil no discurso
“Temos que construir uma agenda ambiciosa om o Brasil”, afirmou Fernández em seu discurso. Ele afirmou que a “irmandade” entre os dois países vai além das diferenças de ideologia entre os presidentes da conjuntura.
Falou que é preciso fortalecer a América Latina, e que vai tentar resolver de forma pacífica a questão das Ilhas Malvinas que, de acordo com ele, pertencem a todos os argentinos.
Vice-presidente Mourão
Depois do Congresso, ele foi para a Casa Rosada, onde deverá receber representantes de outros países. O vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, será a autoridade presente do país.
Trajetória do novo presidente
Fernández é um peronista, corrente política ligada ao general Juan Perón, que foi presidente da Argentina duas vezes na década de 1950 e uma terceira nos anos 1970. Ele promete “pôr o país de pé de novo”, após um período de recessão, de inflação alta e de aumento do desemprego e da pobreza.
Advogado de 60 anos, ele usa como credenciais para governar sua experiência como chefe de gabinete no governo de Néstor Kirchner (2003-2007) e durante o primeiro ano do primeiro mandato de Cristina Kirchner (2008), a vice-presidente que vai liderar o Senado e que impulsionou sua candidatura, escolhendo-o para encabeçar sua chapa. Nas eleições, Fernández derrotou Mauricio Macri, que estava no poder desde 2015, no primeiro turno.