Terça-feira, 24 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 24 de setembro de 2019
A perícia da PF (Polícia Federal) identificou que pelo menos 84 autoridades públicas brasileiras foram alvo de tentativas de invasão feitas pelo grupo de hackers preso na Operação Spoofing. O jornal O Globo teve acesso à lista de alvos dos criminosos, que inclui celulares do presidente Jair Bolsonaro e dos seus filhos, dos ex-procuradores-gerais da República Raquel Dodge e Rodrigo Janot, de membros do Poder Judiciário e de procuradores da Operação Lava-Jato.
Do Executivo, foram alvos os ministros Paulo Guedes (Economia), Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública) e Abraham Weintraub (Educação). Do Legislativo, os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado Davi Alcolumbre (DEM-AP), além de diversos outros parlamentares de vários partidos.
A lista do Judiciário é mais extensa e inclui ministros do STJ (Superior Tribunal de Justiça), um do STF (Supremo Tribunal Federal), juízes e desembargadores federais. Além deles, os procuradores da Operação Lava-Jato foram os principais alvos, conforme consta na lista da Polícia Federal. Boa parte dos integrantes das forças-tarefas de Curitiba (PR) e do Rio de Janeiro também foram vítimas de ataques dos criminosos virtuais.
O relatório da perícia da PF registra a quantidade de vezes em que os hackers utilizaram a técnica de usar um aplicativo para simular uma ligação com mesmo número de origem e de destino. Por meio dessa técnica, os hackers conseguiam invadir a caixa postal dos celulares e obter a senha de acesso ao Telegram para entrar no aplicativo e ter acesso às conversas mantidas pelos alvos.
Foi o que os criminosos fizeram, por exemplo, com o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava-Jato, que teve as suas conversas vazadas.
A lista da perícia da PF é preliminar e, portanto, pode haver outros alvos das invasões que ainda não foram identificados. Esses ataques eram capitaneados pelo hacker Walter Delgatti Neto, preso em julho na primeira fase da Spoofing. A PF investiga se outras pessoas tiveram participação nos ataques, como Luiz Molição e Thiago Eliezer, presos na segunda fase da Spoofing, deflagrada na semana passada.
A perícia ainda não identificou de quais alvos os hackers conseguiram efetivamente copiar conteúdo ou efetivamente entrar no Telegram. O relatório registra apenas o fato de as autoridades terem sido alvo dos ataques.