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Colunistas Alexandre de Moraes e o golpismo

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(Foto: Antônio Augusto/Secom/TSE)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

O ministro Alexandre de Moraes, o TSE, o STF, tiveram papel central na defesa da democracia brasileira, diante da intentona golpista de 2023.

Moraes foi firme e corajoso no enfrentamento dos “patriotas” desatinados. Foi rigoroso, na medida da gravidade da arruaça, dos fatos escabrosos do 8 de janeiro. Percebeu que a transformação da Praça dos Três Poderes em praça de guerra não era coisa de sexagenários distraídos, que não sabiam direito o que estavam fazendo. Talvez não tivessem consciência nítida dos seus atos ; talvez fossem apenas massa de manobra de golpistas de ocasião. Mas restou claro que era necessária uma resposta exemplar, uma reação à altura.

Causa espanto que uma pessoa que admiro, Nelson Jobim, tenha vindo a público para negar o golpe, classificando-o de uma “catarse de frustração”. Se tudo se resumisse aos eventos de 8 de janeiro até poderia ser só “catarse”. Mas não. Tudo vinha de longe, desde que os bolsonaristas, “descobriram” que um truque, uma manobra sorrateira, um passe de mágica, ou sei lá o que, executada sabe-se lá por quem, fosse capaz de subverter a vontade do povo nas urnas. Isso que tinham ganho as eleições presidenciais de 2018 com Bolsonaro! Isso que o bolsonarismo elegeu governantes de estados importantes, como SP e Rio, e sólida bancada de senadores e deputados em 2022 – nestes casos a eleição foi limpa.

Tudo vinha de longe, nos ataques raivosos às instituições nacionais – TSE e STF, imprensa , universidade, – todas elas, segundo os golpistas, dominada pelo comunismo e pelas esquerdas. De longe vinham as redes de incitação ao ódio, à intolerância.

Comandantes militares golpistas ou simpatizantes do golpe – eles que nunca gostaram de manifestações populares – entretanto passaram a acolher ao redor de quartéis hordas de ativistas à beira de um ataque de nervos, destilando fel de suas concepções toscas e mal ajambradas.

A mais deletéria e perigosa das bandeiras da nova ordem foi o armamentismo. Os brasileiros, de índole pacata, foram encorajados a adquirir e acumular armas e munições para enfrentar o inimigo, o qual estaria à espreita esperando a melhor hora para atacar e acabar com a democracia no país.

E para que o bolsonarismo estaria, então, com toda a sequência metódica de suas ações insensatas, com o ódio disseminado em cada palavra, em cada ato, em cada consigna, senão para tomar o poder a qualquer preço e custo?

Ficamos por um fio de um retrocesso dramático, talvez sangrento, uma convulsão social, uma ruptura violenta da ordem constitucional. Não, não foi um catarsesinha , como a Covid havia sido, para Bolsonaro, uma gripezinha.

Pode-se dizer que Alexandre Moraes, o TSE e o STF não precisavam ter centralizado todos os processos dos réus do 8 de janeiro. Não precisavam tanto protagonismo e rigor, nem aplicar penas tão pesadas. Poderiam ter atuado com mais moderação e contribuído para desinflar os espíritos.

Não creio que tenha havido ofensas à ordem legal. Erros, desvios ? Sim. Mas Moraes, o TSE e o STF foram decisivos para salvar a democracia do golpismo franco e impudente do bolsonarismo. O Brasil deve muito a eles.

 

titoguarniere@terra.com.br

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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