Sexta-feira, 10 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 3 de maio de 2023
Ao autorizar a Operação Venire, que investiga a falsificação de dados de vacinação da covid no sistema do Ministério da Saúde, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou a Polícia Federal (PF) apreender armas e o passaporte do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A PF fez buscas na casa do ex-presidente, em Brasília, nessa quarta-feira (3), onde apreendeu o celular dele. Segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo, o passaporte e as armas não foram encontradas. Bolsonaro voltou ao Brasil no final de março, depois de passar três meses nos Estados Unidos.
A decisão de Moraes estende as buscas a “endereços contíguos”, incluindo “quartos de hotéis, motéis e outras hospedagens temporárias onde os investigados tenham se instalado”. O ministro autoriza ainda o acesso a dados armazenados em nuvem.
Além do ex-presidente, a PF investiga assessores de Bolsonaro e ex-servidores do governo. Um deles é o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens presidencial, que foi preso preventivamente. Com ele, os policiais apreenderam armas, além de US$ 35 mil e R$ 16 mil em dinheiro vivo.
A investigação aponta que o certificado de vacinação de Bolsonaro e da filha dele, Laura, de 12 anos, teriam sido falsificados para inclusão de vacinas contra a covid. O objetivo seria facilitar viagens internacionais. O comprovante de imunização passou a ser exigido no auge da pandemia e a medida continua valendo.
Moraes também determinou que a PF ouça os profissionais de saúde que constam como tendo aplicado as doses de vacina no ex-presidente. Bolsonaro voltou a dizer nessa quarta que não foi imunizado contra a covid.
Entenda
A Polícia Federal investiga indícios de um esquema de falsificação de carteiras de vacinação contra a covid. A suspeita é que as informações cadastradas nos sistemas do Ministério da Saúde tenham sido fraudadas para emitir certificados de imunização em nome de pessoas que não foram efetivamente vacinadas.
O objetivo, segundo o inquérito, seria burlar a exigência do comprovante de vacinação para viagens internacionais. As restrições sanitárias entraram em vigor no auge da pandemia.
Os investigadores afirmam que os certificados de vacinação do ex-presidente e da filha dele teriam sido adulterados às vésperas das viagens da família aos Estados Unidos, em dezembro do ano passado, após a derrota eleitoral.
As fraudes teriam sido operadas a partir da prefeitura de Duque de Caxias (RJ), com a ajuda de uma servidora municipal e de políticos locais. Assessores de Bolsonaro também são investigados.
Segundo a PF, os dados falsos foram incluídos no sistema integrado do Ministério da Saúde e, depois que os certificados de vacinação foram gerados por meio do aplicativo ConecteSUS, as informações foram excluídas para não deixar “rastros”.
Antes da suposta fraude na caderneta de vacinação da família Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid teria tentado falsificar o comprovante de vacinação da própria mulher, Gabriela Santiago Ribeiro Cid, por meio da Secretaria de Saúde de Goiás, em novembro de 2021. O certificado aponta duas doses da vacina na cidade de Cabeceiras, mas não há registros de que ela tenha comparecido na Unidade Básica de Saúde (UBS) para ser imunizada. A PF também cruzou dados de geolocalização do celular dela e descobriu que, nas datas citadas no cartão, ela estava em Brasília.
A PF afirma que o suposto esquema teria migrado para Duque de Caxias porque Mauro Cid teria esbarrado em “dificuldades” práticas.