Protagonista de “A Regra do Jogo”, da TV Globo, Alexandre Nero diz que não é capaz de analisar todas as razões que levaram a audiência da novela, que terminou na última semana, a ficar abaixo do esperado. Argumenta que o assunto “é muito complexo”. Escrita por João Emanuel Carneiro, mesmo autor do fenômeno “Avenida Brasil” (2012), a história estreou em setembro rodeada de expectativa. Mas, ao menos nos primeiros meses, não cumpriu a missão de resgatar os índices do horário das 21h após o fiasco de “Babilônia”. “Eu gostava da novela no início. Os primeiros 50 capítulos foram sensacionais. Depois, achei que a história ficou repetitiva. Mas foi quando a audiência aumentou e a trama começou a agradar ao público”, conta Nero.
Apesar de ter passado por ajustes para deixar a trama policial mais clara para os telespectadores logo no princípio, o ator afirma que “até onde sabe” não houve nenhuma mudança drástica nos rumos da história. Ao levar em conta o conjunto do folhetim, diz considerar “A Regra do Jogo” um trabalho bem feito. “Não foi um fenômeno. E existia mesmo muita expectativa. Talvez não fosse uma novela para esse momento político complicado de polarização que tem se arrastado desde as últimas eleições. O Gibson [José de Abreu] foi visto como um personagem de direita. Já o Romero [seu personagem] e a Tóia [Vanessa Giácomo] foram entendidos como sendo de esquerda. Muita gente achou que eu estava fingindo ser determinado político, e isso não existiu.”
Oportunidade.
Para Nero foi muito difícil interpretar o ambíguo Romero Rômulo, um bandido que se encantou pela ideia de ser um herói. Por outro lado, o personagem, uma contradição ambulante, serviu como oportunidade de enterrar o Comendador José Alfredo, de “Império” (2014-2015), o primeiro protagonista de uma novela das 21h do ator. “Valeu muito a pena ter feito ‘A Regra do Jogo’. Sempre ouvi que era difícil se livrar da imagem de um personagem de sucesso como o Comendador e tenho a consciência de que ele é um dos grandes papéis populares da minha vida. Mas hoje muita gente já me chama de Romero.”
O ator que despontou nas novelas em um papel coadjuvante em outra trama de Carneiro, “A Favorita” (2008), e já interpretou tipos populares, como o motorista Baltazar, de “Fina Estampa” (2011), Nero praticamente não saiu do ar nos últimos anos. “A Regra do Jogo” é a oitava novela do curitibano, que começou a atuar no teatro em sua cidade e também é músico com discos lançados. “Até o Comendador eu fui fazendo o que aparecia. Ainda era um cara meio desconhecido, mas tive bons personagens. Agora que pude escolher.”
Planos.
Com trabalhos fechados para o cinema e para o teatro, Nero terá 15 dias de férias. Quer ficar mais tempo com seu primeiro filho, Noá, nascido em dezembro. Já as novelas não estão nos planos mais imediatos. “As pessoas podem ficar bem tranquilas que a Globo não vai me colocar no ar tão cedo. Ninguém aguenta mais a minha cara. Nem eu aguento mais a minha cara. Vou ficar na geladeira. Hoje, essa não é mais uma expressão ruim, com esse calor todo que está aí”, brinca. (AG)