Segunda-feira, 06 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 16 de agosto de 2023
"Ele é só o assessor. Assessor faz o quê? Assessora, cumpre ordens", disse o novo advogado do tenente-coronel.
Foto: ReproduçãoO novo defensor do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou nesta quarta-feira (16) que Cid era só um assessor e apenas cumpria ordens.
Cezar Bitencourt alegou que assumiu o caso na noite dessa terça-feira (15) e ainda não encontrou o cliente. Por conta disso, o advogado salientou que não sabe detalhes das acusações contra ele.
“Na verdade, ele é um militar, mas ele é um assessor. Assessor cumpre ordens do chefe. Assessor militar com muito mais razão. O civil pode até se desviar, mas o militar tem por formação essa obediência hierárquica. Então, alguém mandou, alguém determinou. Ele é só o assessor. Assessor faz o quê? Assessora, cumpre ordens”, enfatizou.
O advogado disse que foi procurado por um familiar do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, entretanto, não detalhou o contratante.
Afirmou ainda que não “sabe nada” sobre o pai de Mauro Cid, o general Mauro Lourena Cid, que também é investigado pela suposta venda ilegal de presentes oficiais. Bitencourt frisou que o seu cliente está sendo “injustiçado” e “recolhido injustamente”. No entanto, reforçou que “não conhece nada do processo” e que Mauro Cid cumpria ordens.
“Essa obediência hierárquica pra um militar é muito séria e muito grave. Exatamente essa obediência a um superior militar é o que há de afastar a culpabilidade dele”, afirmou.
Prisão de Cid
O tenente-coronel Mauro Cid está preso desde o dia 3 de maio no Batalhão de Polícia do Exército de Brasília. A Polícia Federal prendeu, também à época, Max Guilherme e Sérgio Cordeiro, assessores de Bolsonaro que trabalhavam no Planalto. O secretário municipal de Governo da cidade de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha, também foi alvo de prisão preventiva. As ações fizeram parte da Operação Venire, que investiga a prática de crimes na inserção de dados falsos sobre vacinação contra Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde (sistemas SI-PNI e RNDS).
O ex-ajudante de ordens também teria que esclarecer suposta adulteração no cartão de vacinas de seus familiares. Mensagens extraídas do celular do tenente-coronel pela Polícia Federal revelam conversas com a esposa em que ambos colocam em dúvida os imunizantes.
Rolex
Cid também é investigado no caso do relógio da marca Rolex recebido em viagem oficial do governo brasileiro à Arábia Saudita, no dia 30 de outubro de 2019. Na oportunidade, o rei da Arábia Saudita, Salman bin Abduld-Aziz, doou ao então presidente Jair Bolsonaro um conjunto de objetos valiosos.
O item foi levado para os Estados Unidos, para onde Bolsonaro viajou às vésperas de deixar a Presidência, e lá foi vendido, segundo a Polícia Federal, ilegalmente, pelo então ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid.
Em 15 de março, o TCU definiu prazo de cinco dias úteis para que Bolsonaro entregasse ao tribunal um kit com joias suíças da marca Chopard, em ouro branco, recebidas como presente do governo da Arábia Saudita em viagem oficial de 2019. A joia foi devolvida.